Três contos
Verde oliva.
Compramos um galão de tinta.
Tínhamos dois pinceis velhos guardados no armário.
Me vi verde no espelho. Vi gotinhas de tinta escorrer sobre seu nariz vermelho.
Jornais velhos davam noticias tristes espalhados pelos cantos da casa.
E nos sorriamos.
Ele rabiscava versos na parede antes de cobri-la de verde. Versos que nenhuma tinta apagará de minha memória.
Dançamos is this love aquela tarde.
Pintamos meia parede antes de pintar o sete. E já não havia mais gotinhas de tinta sobre meu corpo.
-sabe dançar?
-não irei pisar em seus tamancos de cetim.
-segue o ritmo do meu corpo.
-de olhos fechados te acompanho minha bela garota. Seu vestido roda em meio ao salão, você é apreciada por todos.
-pena que não me olha nos olhos pobre rapaz.
-seus olhos me enfeitiçam, desvio de ti o olhar para não me perder.
-prometo não virar gata borralheira depois da meia noite. Não há motivos para temer. Contudo se não fugir comigo agora meu carro vai virar abóbora.
Vamos fugir depressa, me de sua mão amor. Olha como as pessoas passam cheias de si mesma. Olha como o tempo passa rápido. Como estamos cercados e ao mesmo tempo sozinhos no mundo. Venha minha pequena, corra com suas pernas torneadas. Roubamos sorrisos na praça amor. Não podemos ser pegos de forma alguma. Estou preso a você. E correremos algemados. Vamos desfalcar todas as criaturas. Carregar em nossas mochilas todas suas risadas e rosas. E vamos desfrutar tudo isso. Vem pequena, vem depressa.