O Último Degrau... BVIW

 

A manhã estava nublada e o menino, qual enigmático, Escher, sentou-se no último degrau da escada da quase demolida varanda em tons de gris. Pensativo, olhou a paisagem sem cores e sem formas à sua volta... O silenciar do canto dos pássaros, a ausente tarde ensolarada, tingida pelo pôr do sol, que fim levou?

 

Enquanto sentia nos dedos a aspereza do degrau sem a camada de pó xadrez, vermelho, se dispersando, qual reticente despedida de áureos tempos nos quais varandas e quintais com aromáticos pomares conviviam em harmonia. 'Os fins nem sempre justificam os meios...'

 

E assim, mergulhado em suas reflexões, o menino, entrecortado com as sensações de fome, só queria descansar nos braços da mãe que não conheceu... Quando foi acordado, 'sacudido' por uma voz autoritária:

— Levanta daí, ainda tem muita bala para vender no semáforo!

 

Assustado, ele se levanta da marquise empoeirada... E quanto aos sonhos no olhar e seu sorriso, quem os levou?

 

. Conto - tema: Que fim levou?

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