COM MEDO DE AVIÃO

Depois de oito horas e meia de espera no saguão do aeroporto internacional de São Paulo numa fila imensa de uma das companhias aérea, o povo enfim se manifestou. Isso porque uma senhora, com o prazo de validade vencido, não agüentara em pé e simplesmente desmaiou.A gerente responsável pelo chequim não foi espancada, mas recebeu um bofete, que ela mesma não soube nem explicar aos seguranças do aeroporto, quem ou o que a tinha atingido.

Moléstias a parte, após vários desrespeitos aos direitos, na sensatez esperada, depois de uma procela começou-se a enveredar pelo normal.

Quando parecia civilizado, uma moça, cansada de tanto esperar resolveu dar uma brasileirada. Foi bem na frente, onde estava o seu colega e começou a conversar para distrair e lá ficou. Pouco depois veio outra moça se alojar, mas como o sangue ainda estava na veia, algumas mulheres reclamaram e um novo tumulto começou. Depois de quase irem para a era dos dinossauros tudo se acalmou e as duas foram, sob protestos, parar no final da fila.

No túnel de embarque o passado já tinha sido esquecido, como crianças o povo ria-se de seu próprio sofrimento. Aquele vôo estava lotado, mas tudo bem, até o constrangido comandante da aeronave, mantinha a linha, com se nada tivesse ocorrido e dava bom dia.

Todos embarcados, e uma nova polemica, o excesso agora era de passageiro, alguém após horas de esperas e stress teria que se candidatar a ficar mais algumas horas no aeroporto, por conta de uma “propina” de 500 reais em bônus, para oito pessoas descerem, pois havia um médico com urgência de operação, três políticos que precisava ir até Brasília bater o ponto, um jogador famoso vindo da Europa, um padre que precisava dar estrema unção ao País, um empresário de renome e um banqueiro Americano, que ia negociar o negociado.

A turma nem pensou, apesar de estarem já relaxados e deseletrificados gritaram, discutiram, brigaram, xingaram até que um idoso, lá do fundo, já bastante irritado disse, isto quando já faltava apenas um para complementar a lista:

- Comandante eu aceito esse bônus!... Já estou cansado de sofrer como aposentado, pelo menos uma vez vou ganhar alguma coisa. Afinal essa “merda” pode cair!

Todos se entreolharam e gerou um grande tumulto, quando o aposentado ia saindo, pois com a declaração, era mais quem queria sair, porém foram contidos pela entrada dos senhores de respeito que ocuparam as vagas.

O avião saiu devagar pela pista, quando o comandante disse: “senhores fomos autorizados pela torre, desliguem os seus aparelhos eletro eletrônicos, para que não venhamos a ter mais problemas. A todos uma boa viagem.”...

Essas foram as últimas palavras no ar, após a decolagem.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 22/01/2008
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