A última carta

São só nesses momentos,

Em que somos condenados e a vida chega,

Abruptamente ao fim é que refletimos.

Como último pedido,

Deixei o cigarro e o uísque.

Escolhi a caneta e o papel.

Escrevo.

Não um pedido de desculpas,

Mas uma análise da minha vida.

Se estou sozinho agora é

Exclusivamente minha culpa

Apenas eu e somente eu.

Amei pouco quem tanto me amou.

Não foi uma nem duas

Foram várias.

E há todas amei pouco

Insuficiente insuportável

Amor

"Pouco amor não é amor"

Foi a lembrança desse livro do Nelson Rodrigues,

Que agora me assombra

Me fez cair tardiamente na real.

Subo ao pátibulo conformado

Amei pouco a quem me deu muito

E tolo fui condenado

Agora só me resta o esquecimento.

Ah não, nem isso mereço.

Daqui há uma hora meu corpo estará balançando

Pendurado assistido pela multidão

E a eternidade não me deixará esquecer

Que amei pouco

E agora não há lágrimas derramadas por mim

Nem as minhas...

Nem as minhas...

Nem...

Wesley Curumim
Enviado por Wesley Curumim em 24/12/2024
Código do texto: T8226377
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