𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐮𝐥𝐭𝐚𝐬 𝐞 𝐚𝐛𝐢𝐬𝐦𝐨𝐬
Dr. Henrique era um médico renomado, dedicado e ético. Aos 35 anos, era respeitado por seus colegas e admirado pelos pacientes do hospital onde trabalhava. Ele mantinha sua vida pessoal longe dos corredores da clínica, sempre evitando qualquer tipo de envolvimento emocional com quem atendia. Mas, quando conheceu Beatriz, uma paciente de 28 anos, sua disciplina começou a ser testada.
Beatriz era uma jovem carismática, com uma beleza cativante e uma personalidade sedutora. Ela havia procurado Henrique por conta de dores constantes de cabeça que nenhum outro médico conseguia explicar. Desde a primeira consulta, demonstrou um interesse que ia além do profissional.
— Dr. Henrique, o senhor sempre é tão sério assim? Deve sorrir mais, fica ainda mais bonito — disse ela, no meio de uma consulta.
Henrique sorriu de leve, mas manteve a postura.
— Beatriz, vamos focar no motivo da sua consulta, tudo bem?
Ela não desistiu. Começou a marcar consultas com frequência, às vezes com sintomas vagos, só para ter motivos para vê-lo. Em pouco tempo, começaram os gestos mais ousados: mensagens no telefone profissional, elogios disfarçados, olhares demorados. Henrique tentava manter o distanciamento, mas Beatriz era insistente.
Um dia, após uma consulta em que Henrique havia se mostrado mais ríspido ao rejeitar suas insinuações, Beatriz saiu da clínica e esperou por ele no estacionamento. Quando ele chegou ao carro, ela estava lá, encostada na porta.
— Doutor, por que me evita? Você não sente nada?
Henrique suspirou, tentando conter a irritação.
— Beatriz, isso é inadequado. Sou seu médico, não podemos ter nenhum tipo de relação fora daqui.
Ela riu, nervosa, como se não acreditasse no que ouvia.
— Ninguém precisa saber. Eu sei que você sente algo.
— Por favor, vá para casa, Beatriz. Isso tem que acabar.
Ela foi embora, mas não desistiu. No dia seguinte, enviou flores para o consultório dele com um bilhete: “Nem todo mundo consegue resistir para sempre.” Henrique ficou tenso. Decidiu encaminhá-la a outro especialista, justificando conflito de interesse.
Quando Beatriz recebeu a notícia de que ele não a atenderia mais, ficou furiosa. Começou a rondar o hospital, a deixar bilhetes ameaçadores, e até a fazer acusações falsas sobre ele para a administração. Henrique, preocupado, resolveu entrar com uma queixa formal para proteger sua carreira.
— Eu só quero que ela me deixe em paz — disse ele a um colega.
Mas Beatriz estava em um estado emocional instável. Sentia-se rejeitada, humilhada, e começou a se convencer de que Henrique tinha destruído sua vida.
Uma noite, quando Henrique estava saindo do hospital, Beatriz apareceu novamente, desta vez com os olhos vermelhos e as mãos tremendo.
— Eu só queria que você me amasse… Mas você preferiu me ignorar.
Antes que Henrique pudesse responder, ela tirou uma faca da bolsa.
— Se eu não posso ter você, ninguém pode.
Henrique tentou se afastar, mas Beatriz, em um ato desesperado, avançou e o atingiu no abdômen. Ele caiu no chão, enquanto os seguranças do hospital corriam para intervir.
Beatriz, tomada pelo desespero e vendo o que havia feito, voltou a faca contra si mesma antes que alguém pudesse detê-la. Ambos foram levados às pressas para a emergência, mas, apesar dos esforços da equipe médica, nenhum dos dois sobreviveu.
No dia seguinte, a notícia abalou o hospital e a comunidade. Henrique foi lembrado como um médico dedicado, vítima de uma tragédia que ele tentou evitar. Beatriz, por sua vez, foi vista como uma mulher quebrada, cuja obsessão a levou a um caminho sem volta.
E assim, o que começou como uma série de consultas médicas terminou em tragédia, deixando um alerta sobre os perigos de cruzar limites e as consequências de paixões mal resolvidas.