A Passageira
Outro dia eu voltava para casa de madrugada, por volta das duas horas da manhã, o céu estava carregado de nuvens escuras, eu pensei que ia chover antes de eu chegar no prédio que eu moro. No caminho que eu passo, tem um cemitério velho, com muitas arvores por de traz de um muro baixo, na frente tem um ponto de ônibus, toda vês que eu passo por ali, eu questiono aquele ponto, eu penso; como pode alguém ter coragem de ficar num lugar desse esperando ônibus? Ainda bem que os ônibus não rodam a noite toda, assim as pessoas não ficam aqui, pensava eu. Mas nesta madrugada, ali vou eu novamente dirigindo meu velho fusquinha, farol alto, acelerando lentamente, e ao chegar em frente ao ponto de ônibus, vejo uma senhora parada no ponto, ela esta bem vestida, um lenço no cabelo, ela esta bem calma, como se esperasse alguém que estava prestes a chegar, logo pensei; pobre mulher, esta aqui sozinha esperando ônibus, e as vezes nem sabe que a esta hora não passa ônibus por aqui, logo, me prestei a oferecer uma carona a ela, parei o fusquinha, abri a janela, olhei para o rosto da elegante senhora e ofereci uma carona, ela aceitou de primeira, entrou no carro, sentou-se ao meu lado, ela exalava um odor doce, de dama da noite, um perfume delicioso de sentir o cheiro. Engatei a primeira no fusquinha e sai lentamente, a mulher não dava uma palavra. Então perguntei a ela, a senhora mora por aqui? A mulher quieta, não respondia, fiz outras perguntas, e ela quieta. Então eu perguntei; a senhora não sente medo de ficar no ponto de ônibus em frente ao cemitério numa madrugada escura, sem luar, sem estralas e sozinha? Ela virou o rosto lentamente para mim, fez menção de um sorriso discreto e me respondeu com a voz suave; quando eu era viva, eu sentia medo. Meti o pé no freio do fusquinha, abri a porta e sai em disparada rua a fora. Ate hoje, não descobri nada sobre aquela passageira...