No Passado

Roteiro:

Um homem e uma mulher que aparentam uns 35 anos conversam .

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- Foi até engraçado ver a Brigitte nos apresentando. (Sorriso cínico). Ela é tão desligada que não percebeu que conhecemos. (tom de ironia).

- Ãh.

- Quanto tempo. Não é mesmo? Drako?

- Eu não imaginava te reencontrar aqui, não sabia que você era amiga da Brigitte ...depois de tantos anos. (Conversam se olhando nos olhos. Apenas os dois estão na sala, sentados próximos, mas em poltronas confortáveis e separadas, cada um com um copo de bebida na mão), parece ser uísque).

- Achei por um instante que você não fosse me reconhecer.

- Não teria como não saber que é vc, Shanti.

- Faz tanto tempo.

- Algumas coisas não se apagam completamente.

- Foi um namorico, éramos adolescentes.

- Fale por você. Para mim era um relacionamento sério. Eu achava que duraria muitos anos. Mas...uma sexta à noite cheguei em casa, do trabalho, com saudade e você e descobri que vc tinha feito uma mala e saído de casa, eu não tinha nem ideia pra onde. Não brigamos, nem nada. Fiquei perdido. Não desejaria algo assim pro meu inimigo.

- É!

- Eu fui trabalhar na quinta bem cedo e só voltei para casa na sexta. Sofri durante um ano. Você desapareceu. Foi difícil não ter nenhuma notícia.

- Naquela época eu era inconsequente.

- Chegar em casa à noite e não encontrar você nem suas roupas no armário foi um baque.

- Você ainda se lembra de detalhes!

- Quem abandona não se lembra. Quem foi abandonado não se esquece.

- A vida tomou outro rumo. O tempo passou.

- Somos adultos, porém você continua a mesma. Agora tem poder, muito dinheiro, é adulta. Mas certas coisas nunca mudam.

- Tudo mudou muito. Não programei nada na vida. Quem diria eu iria que eu iria me casar!

- Seu atual marido não deve saber que quando você se cansar vai fazer as malas e sumir no mundão, como se tivesse desintegrado

.Ele vai ser o próximo, só não sabemos quando. Você fez o mesmo com seu ex, antes do Don, não fez ?

- Nada disso. Nós terminamos.

- Conversar e colocar ponto final não faz seu estilo. Nunca fez.

- Que pena que você ainda odeie tanto.

Podíamos curtir uma noite dessa noite juntos. Ter um revival. Ah. Não me olhe assim. Vai! Meu casamento é aberto.

- Não sinto raiva de você. Passou, acabou. Você, me diga, abriu a relação só do seu lado? (Os dois riem)

- Não. É aberto pra nós dois. Temos nossos combinados. Não é bagunça. E tá bom assim. Não reclamo.

- Eu tenho muito amor à minha vida. Não faria um revival com você.

- Ahhhh você é como todo mundo... tem medo do Don. Claro! Ele tem fama de violento. Não posso negar que a fama procede. Da porta para fora de casa.

- Não, tenho medo dele. O Don tem uma certa ética. Meio torta, mas tem. Ele é legal. Lembro de ter visto ele na rua uns anos atrás.

- Você não assume mas é claro que assim como todos têm medo SIM do que o Don poderia fazer.

- Eu não tenho medo Ne-nhum dele. Tenho medo de VOCÊ. Que é capaz de qualquer coisa, não se apega à nada, nem ninguém. Não conhece limite. Usa quem passa pela sua frente. Gente como você não muda.

- Me-do?! De mim? (Expressão de espanto)

- Você amadureceu e poderia até enganar um desavisado com essa fala doce, mas ainda tem o olhar gelado de quem está calculando cada passo. Nada aconteceu por acaso na sua vida. Você premedita tudo. Como num jogo de xadrez você move as peças para ter lucro, sem piedade.

- Você tá brincando. Claro !

- O Don tem fama de assassino. Todo mundo sabe das coisas que eu ele fez, mas acho que ele não machucaria você . O que ele talvez não saiba é que se vc , um dia, se sentir ameaçada, ele pode levar um tiro bem no meio da cara.

- Não! Nem...

- Ele deve ter amar. E enquanto estiver conveniente pra vc o casamento tudo ok.

- Eu não acredito que você sinta medo de mim. (É interrompida. Está com cara de surpresa. Incrédula).

- Vou pra minha casa. Peço licença. Minha companheira está lá me esperando e amanhã terei muito trabalho logo cedo. Vim conversar com a Brigitte.

- Ah. Você casou? Com quem? Me conte.

- Faz tempo. Você não a conhece. Já vou. Passe bem.

- Sim... (Perplexa ainda). Adeus.

Manuh Danorte
Enviado por Manuh Danorte em 24/11/2024
Reeditado em 26/11/2024
Código do texto: T8204567
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