A mensagem

A mensagem

Eu não acredito que uma pessoa possa ter experiências mediúnicas todo o

tempo. Acredito em eventos mediúnicos que ocorrem ocasionalmente e

espontaneamente. A pessoa humana precisa fazer suas atividades de

humano, ir a escola ou trabalho. Ir fazer suas necessidades, conversar e

passear se tiver algum tempo.

Ouvi dizer de uma caso em que o rapaz foi assassinado e seu corpo jogado

no fundo de um rio atado a pesadas pedras. A família era evangélica. Todos

procuravam o corpo. O pai do rapaz sonhou com o filho no qual ele

contou: “ pai eu sei que todos estão procurando meu corpo, eu estou bem

onde estou, mas meu corpo está no fundo do rio que corta a cidade” o

homem se acordo e contou aos investigadores. Realmente, lá estava o

corpo. Este é um evento natural mediúnico. Por causa da ligação espiritual

e afetiva entre pai e filho, mãe e filho. Meu filho não é meu filho por

acaso, fui escolhido ou escolhida para ser pai ou mãe dessa alma aqui na

terra.

Eu me levantei por volta das nove horas da manhã. Eu tinha dezesseis

anos. Comi um pão sem margarina e um tomei um copo de café preto.

Eu sentia fraqueza. Meu irmão mais novo estava empinando pipa na rua.

Eu estava sozinho em casa. Fiquei sentando no quintal vendo as pipas no

céu. Eu comecei a sentir a pressão do ar doendo nos meus ouvidos. Isso

sempre acontecia comigo. Era como se eu não fosse deste mundo, fosse

um alienígena. Podia sentir a separação entre corpo e alma. Entrei em

transe. De repente senti um vento, um deslocamento do ar. Algo sussurrou.

Entrou na minha mente. Comecei a andar como se estivesse hipnotizado.

Abri o portão e fui em direção a rua de lá fui para a ferrovia. Andei pela

ferrovia seguindo a voz. Cheguei no bairro do Aracaré. Parei em frente

uma casa velha com uma oficina na frente. Vi dois homens fumando

cigarros e com tatuagens eram jovens. Eles ficaram me encarando. Fiquei

com medo e sai correndo. Eu era um menino muito delicado criado dentro

de casa. Até meu modo de falar era delicado.

Eu falei: “ me desculpa eu não posso te ajudar, minha cabeça dói, eu sou

uma criança.... eu não sei.... vai embora.... me deixa em paz. Eu quero ter

uma vida normal.... não me perturbe mais... eu não sei como te ajudar”

o que ele queria me mostrar? Quem eram aqueles homens? Porque ele me

levou ali? Como ele sabia que eu poderia vê-lo e ouvi-lo? Eu era especial.

Era um dom. eu sentia dores de cabeça e dor nos ouvidos.

Estava no jornal da cidade. Homem de 32 anos foi assassinado em Suzano,

reagiu a um assalto e levaram seu carro. A policia procura os dois

indivíduos.

Eu tinha um coração muito puro, apesar de travesso, apesar de ser

impaciente.

Eu ouvia as vozes deles. O choro deles. O pedido de ajuda. Me deixem em

paz. Saiam daqui. O que tenho eu haver com isso?

Encontraram uma arma enterrada no jardim. Já estava enferrujada. Porque

tem tanta maldade?

Você não sabe. Ele está num lugar melhor agora. Ela me perguntou porque

seu filho de quatro anos adoeceu e morreu. Você não sabe. Ele era bom

demais para este mundo. Ele está bem agora. Ele falou. Está feliz. Está

alegre e sorrindo. Está brincando com outras crianças. Você não sabe. Você

é uma pessoa comum e trivial. Os bons não ficam aqui. Aqui é uma escola.

Porque as crianças vão para a escola? Para aprender. Por que o humanos

vem para este mundo? Para aprender. Depois vai embora. É uma

passagem. Você não sabe. Não te é dado a saber. Ele falou.

A voz falou: eu sei quem é você. Sei o que pode fazer. Eu não quero.

Você pode curá-los. Eu sou apenas uma criança. Ele não está no inferno. O

inferno é fruto da cultura grega o reino de Hades. Se a pessoa ficar a

eternidade no inferno que proveito isto teria? Deus tem como objetivo a

recuperação das almas. O inferno na imaginação popular é apenas punição.

Deus quer a cura das almas. Elas sofrem um processo regenerativo. A

maldade é uma doença, e toda doença precisa tratamento.

A justiça é algo espiritual. Eu estava no quarto a luz apagou sozinha. O

interruptor girou sozinho. Eu tenho medo do escuro. Eles falam comigo.

Falam na minha cabeça. Eu era apenas adolescente. Eu vi você no meu

sonho. Você não sabe. Você não pode vê los e nem ouvi los.

Papai eu vim me despedir de você. Meu filho, como assim você vai

embora? Ele estava com um capacete de motociclista na mão. Ele estava

feliz. Estava sorrindo. Porque não fica para tomar um café? Eu queria

passear de moto. Eu me acordei era um sonho. Depois que fui tomar um

café e o telefone tocou era a policia. Ele morreu num acidente de moto.

Eu me sinto culpado e dei a moto de presente para ele quando ele fez

dezoito anos. Você não sabe o que é se sentir culpado pela morte do seu

único filho. Eu entendo. Quer dizer acho que entendo. Eu não sei se o

senhor sabe mas eu tenho apenas quinze anos de idade.

Não se sinta culpado. Depois você vai poder abraçá-lo novamente.

Ele está bem? Sim ele está. Ele não carrega crimes e nem sangue nas

mãos. Por que isto tinha que acontecer? Eu não sei. Eu também não sei.

Não é deste mundo a decisão. Nós não somos donos de nada aqui.

É passageira sabe, é orgânica. Ele quer que você continue até completar

sua missão. A gente só pode ir embora quando a missão da gente termina.

Eu não estou bem minha cabeça dói. Por favor me deixe em paz.

O J. Henrique me chamou para andar de bicicleta no bairro e depois ir na

praça dos eventos. Descíamos pelo estreito viaduto de Poá. A gente ficava

cantando as músicas da legião urbana.

Eu não posso falar nada para ninguém. Eles não iam acreditar.

Quando a mãe dele faleceu de câncer acho que ele tinha uns quinze anos

também.

Eu sempre andava de bicicleta com o J. Henrique, uma vez ele achou uma

nota de cinquenta reais e deu para a tia dele.

Era um bairro pacato, numa cidade pacata e pessoas pacatas.

Eu sempre gostei de andar de bicicleta. O céu estava azul. Era inicio do

inverno, o clima estava ameno e agradável para pedalar.

Davy Almeida
Enviado por Davy Almeida em 23/11/2024
Código do texto: T8203729
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