FEITIÇO

Foi tudo tão lindo, tão desejado, tão envolvente, nunca imaginei sentir uma profunda emoção como essa. Não era sonho, era a mais pura realidade. Eu olhava aquele corpo sedutor e imaginava ser todo meu, mas ele tinha um dono que o admirava por inteiro. Era seu marido.

Eu sentia uma grande necessidade de admirá-lo, de tê-lo mais perto de mim, bem pertinho mesmo, a ponto de tocá-lo e de sentir o prazer verdadeiro. Mas, aparentemente era impossível, assim eu pensava. Seu nome era Elza, ela mudara-se para minha rua há pouco tempo, nunca havíamos trocado palavras, nem sequer um simples "bom dia". Porém, certa tarde, ao passar em frente da sua casa, me deparei com essa mulher em trajes transparentes e pela primeira vez me olhando e esboçando um leve sorriso. Fiquei surpreso e até apreensivo, mas cumprimentei com o devido respeito e percebendo que minhas pernas automaticamente se tornaram bambas. Elza fez um sinal me chamando até ela, nesse momento me senti enfeitiçado e fui imediatamente ao seu encontro. Conversamos um pouco, falamos sobre nós e mesmo sem nunca me ter dirigido uma única palavra disse ter gostado de mim e que me olhava furtivamente, só que eu nunca percebi. Quando me dei conta estava dentro da casa, perguntei pelo seu marido e ela disse para não me preocupar. Em questão de minutos, depois de alguns amassos, estávamos na cama. Ainda perplexo fiquei sem entender bem a situação, mas aproveitei o máximo e me senti dono daquele corpo escultural. Transamos na maior tranqüilidade, mas a minha preocupação era sair logo dali antes que o seu marido chegasse. E foi o que fiz.

No dia seguinte eu a encontrei na rua, me senti atraído e mesmo não sendo uma ocasião oportuna, pois seguia para o trabalho, ela me induziu a irmos para um motel. Fui, mas teria que arrumar uma boa desculpa para meu chefe. Mais uma vez aquele corpo lindo, escultural, estava à minha disposição. O que existia de imaginação agora se tornava realidade, eu tocava seu corpo, beijava aquela boca carnuda e abraçava Elza com prazer.

Isso se tornou rotina, ela não podia me ver que me convidava para possuí-la, eu me via impedido de rejeitar, afinal era tudo que eu desejava, mas agora estava acontecendo tudo em demasia e aquele feitiço começava a me incomodar e eu tinha a impressão de que seu marido me vigiava e a qualquer momento eu seria pego com a boca na botija e era o que mais temia. Mas eu não conseguia me afastar daquele corpo, daquela delícia de momentos maravilhosos e agora me sinto preso, não aos meus desejos, mas aos desejos de Elza.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 20/11/2024
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