O pássaro que recitava Montale
“Deste meu nome a uma árvore? Não é pouca coisa.
Deste meu nome a uma árvore? Não é pouca coisa.”
Tá vendo esse pássaro não para de falar isso… Eu o encontrei enquanto dirigia por uma estrada arborizada… O que é isso?
Cíntia trazia o pássaro em uma enorme gaiola, perguntou apontando para o quando com vários besouros e um na mão de Mikael, que o espanava com cuidado.
É um Besouro cervo Imperial. Me foi bem caro… Aqui não há muitos colecionadores e preciso importar algumas vezes…
Ah...Bem quanto ao meu problema… Não sei a quem devolver…
Mikael guardou o Besouro espetado por um alfinete na horizontal de volta a caixa…
Bem, senhorita… este pássaro é um Melro Indiano. Como os papagaios eles tem o talento de imitar vozes. Os mais jovens, como esse, sabe imitar até o timbre. Pelo visto o dono dele gosta de Montale…
Montale? Perguntou uma confusa Cíntia.
Mikael suspirou.
Era um poeta italiano. Me diga onde o encontrou…
Eu dirigia pelo Horto… Bem na subida…
Certo, vamos.
Desceram até a garagem onde um pequeno Fiat 124 1970 de cor azul esperavam por ele.
Você é um tipo peculiar….coleciona besouros, sabe de pássaros… Além de detetive particular é Biólogo?
Mikael dirigia pela Orla até a Princesa Isabel.
Entomologia é um hobby, estranho eu admito. Quanto aos pássaros… Eu pretendia trabalhar como ornitólogo… Mas preferi uma vida emocionante atrás de maridos infiéis e pássaros poéticos…
Cíntia riu do peculiar detetive, era um tipo interessante inteligente e esquisito. Quem usaria casaco e terno sem suar numa cidade como o Rio de Janeiro?
Wesley Curumim