Desafio 19 A últimacarta
São Paulo, 31 de agosto de 2024
Querido Miguel,
Espero que esta carta te encontre bem. Aqui em São Paulo, a vida é uma montanha-russa de emoções. Às vezes, sinto como se estivesse vivendo um sonho, mas em outras, a realidade me puxa de volta com força.
Você não imagina como é a cidade grande! As luzes brilham intensamente e o barulho nunca para. As pessoas estão sempre correndo, cada uma em sua própria história. É tudo tão diferente do nosso sertão, onde o tempo parece fluir mais devagar e cada dia é um presente simples.
Mas nem tudo é maravilhoso por aqui. Quero te contar sobre algo que aconteceu comigo esta semana, algo que me deixou pensando muito. Estava voltando para casa depois do trabalho, já era tarde e as ruas estavam quase desertas. De repente, dois homens apareceram. Eles estavam armados e me cercaram.
Senti meu coração disparar. Naquele momento, a imagem de você veio à minha mente. Lembrei das nossas conversas sobre coragem e força. Mas a verdade é que eu fiquei paralisado. Entreguei meu celular e minha carteira sem pensar duas vezes. O medo tomou conta de mim.
Depois que eles foram embora, percebi o quanto essa cidade pode ser assustadora. Aqui, os sonhos estão ao alcance das mãos, mas também há sombras que nos espreitam. Foi um momento difícil, Miguel. Eu pensei em voltar para casa, para o nosso sertão, onde as estrelas brilham sem medo e as pessoas se conhecem pelo nome.
A saudade bate forte quando lembro das festas na roça e das risadas à sombra das árvores. Sinto falta da simplicidade da vida aí e do calor humano que me faz falta aqui.
Eu quero voltar para casa um dia, não só por causa do assalto, mas porque percebi que, mesmo com todas as oportunidades que a cidade oferece, nada se compara ao amor da família e à tranquilidade do nosso lar.
Espero que você esteja cuidando bem da nossa terra. Mande lembranças para todos aí e me diga como estão as coisas.
Com saudade,
João