O PRESENTE
Num vilarejo nas montanhas do Tibete, morava um grande guerreiro que, já sentindo o peso dos anos, resolveu se aposentar. Passava o tempo ensinando aos jovens as lições que aprendera ao longo de sua vida.
Apesar de ser idoso, corria a história de que ainda era capaz de derrotar qualquer oponente.
Certa manhã, outro guerreiro apareceu no vilarejo. Ficou sabendo que ali habitava um homem de lutas como ele, e sabendo da história de que o julgavam imbatível, resolveu encontrá-lo. Queria vencê-lo num duelo e assim, aumentar a sua fama.
Chegou à casa do velho guerreiro. Quando ele apareceu na porta, o guerreiro lhe cobriu de insultos e impropérios. Disse que não era invencível, que era apenas um velho!
Sacou a sua espada. Mas o velho homem não se moveu. Ameaçou atingi-lo com seu sabre, mas ele não se esquivou. Zombou, xingou. O velho nada fez. Apenas o encarava.
Os discípulos do velho guerreiro viam aquela cena e nada entendiam.
Isto se repetiu por horas. Até que aquele guerreiro, já cansado e abatido, resolveu partir.
Os discípulos não escondiam a decepção. Por que o mestre nada fez para se defender?
Sentindo o desencanto de seus alunos, o velho homem lhes disse:
- Meus filhos, se alguém chega até vocês com um presente, e vocês não o aceitam, a quem pertencerá o presente?
- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.
- Isto mesmo, meu jovem! O mesmo se aplica para os maus sentimentos e más ações: quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo.
2010