AMOR ADOLESCENTE

Não, menina, eu não posso ficar com você, peço por favor que me esqueça, tenho idade para ser seu pai. Procure um rapaz que seja da sua faixa etária, divirta-se, ame se quiser e for capaz, mas não me comprometa. A vida está só começando para você, com o tempo vai entender. Esse era o meu pensamento, a minha preocupação com uma garota que beirava os doze ou treze anos, uma criança. Nadja era uma linda menina que cismou comigo nos idos de 1970, eu com apenas dezoito anos, já um adulto, apesar da aparência de um menino👦e em busca de uma namorada "do meu top". Sua insistência era tanta que me vi impossibilitado de viver normalmente a minha vida. Confesso que pensava nela, imaginava momentos interessantes ao seu lado, mas ao mesmo tempo tentava evitar esse "confronto", tinha medo de ser chamado de "papa anjo" e enfrentar algum tipo de problema. Tentava, mas não conseguia, a sua imagem não me saía da cabeça. Até chamado de "mole" fui, agüentei investidas naqueles tempinhos de bailes, de "assustados" com a moçada👧jovem. Fazia tudo para parecer que era tudo uma brincadeira. Mesmo assim Nadja não me saía da cabeça.

Chegou o final do ano, era Natal, uma festa que adorava. Todos os meus amigos estavam prontos para essa festividade tão esperada, tão linda. Era o que eu mais desejava, que chegasse o final do ano, época dos bailes de formatura, da forma de se vestir para freqüentar a formatura de algum conhecido num clube. Todo mundo de paletó e gravata, as minas de longos, elegantérrimas, bem produzidas, lindas de morrer. E lá estou eu numa dessas festas no Clube Internacional, um dos mais badalados do Recife. Nem tinha arranjado uma namorada ainda, tinha pretensão nesse fim de ano. Fui com uma turma de colegas do bairro, estava animado, sabia que Nadja iria, mas faria tudo para ficar fora do seu alcance, essa era a minha intenção. Apenas a intenção, mas nessa noite um desejo latente se apoderou de mim e procurei esquecer essa garota👧que de sonsa não tinha nada, me escondia atrás dos amigos, tomava uma para dar mais um ar de superioridade, de "mais velho", mas não teve jeito, quando dei fé a menina👧estava ali do meu lado me convidando para dançar. Bem produzida Nadja deu a impressão de ter mais idade e isso me consolou um pouco e me deu um "empurrãozinho" para encarar essa realidade. No fundo eu estava gostando, aquela repulsa era apenas uma satisfação para evitar olhares curiosos. Enfim topei a parada e "caí em campo", não podia estragar a festa que mal estava começando e prometia. Alguns olhares provocavam a minha mente, porém "me fiz de morto" e dei seqüência ao que meu coração pedia para que fosse feito. E eu fiz sem nenhum constrangimento.

O baile transcorreu com naturalidade, Nadja procurou se manter como uma verdadeira namorada, como uma moça que respeitava os seus limites, mas em alguns momentos tentava me beijar e me deixava sem condições de resistir e os beijos aconteciam, o que me deixava com uma certa euforia. Dançamos o suficiente para nos tornarmos um do outro. Paramos um pouco e fomos até os jardins do clube, conversamos um pouco e fiz ela entender que não queria uma coisa mais séria (apesar do coração não concordar), no entanto aquele romance se prolongava e seus beijos estavam me enlouquecendo, enfim acabei caindo em suas garras. No final da festa todos foram juntos para casa e eu evitei o máximo andarmos de mãos dadas. Às vezes ela segurava minha mão e eu fazia de conta que não estava percebendo.

O tempo passou, convivíamos mais como se não fôssemos namorados, apesar de sempre rolar uns beijinhos quando não estávamos sendo observados, pois no fundo eu a dessjava também. E Nadja se acostumou a essa situação e até comentava com nossos amigos que eu era meio acanhado, o que de certa forma era verdade. Esse lance durou alguns meses, eu até já estava "mais dado" com ela, chegando ao ponto de roubar-lhe beijos e mostrar a naturalidade do nosso romance até que ela resolveu mudar de cidade por necessidade dos seus pais que haviam comprado uma casa e tendo que desenvolver um novo trabalho. Com esse afastamento diminuiu a nossa freqüência de encontros e o namoro teve fim com ela encontrando um novo namorado.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 31/10/2024
Código do texto: T8186445
Classificação de conteúdo: seguro