A Visagem do Beco

Quem nunca teve uma ilusão de ótica,  em função do medo atire a primeira pedra...

Naquela noite enluarada, sob as sombras das magistosas mangueiras, que adornavam  as ruas de Belém, sob uma maviosa brisa fria aromatizada pelo  exalar, da  manga, em pleno novembro a avisar, que o inverno amazônico, após  o círio,  também estava chegando.

Darci e Maria, com suas blusinhas brancas, saias azuis marinho, prinsadas e cadernos ao colo do peito saiam do colégio Paraense, onde cursavam a quarta série e vinham caminhando a conversar sobre as suas provas,  desfilando inocentemente suas belezas, como as flores na primavera, pela rua quatorze de março,  pra entrarem na João Balbi e enfim, seguirem descendo a Almirante Wandenkolk até chegarem a Bernaldo Couto. E  no beco do seu Joaquim, Português  conhecido nos arredores, pelo pejorativo de "tira - dama" entrarem para seguirem as suas casas, destino final das duas alunas. Foi quando Darci, antes de se despedir de sua amiga, de frente ao banheiro comumitário, sombreado pelo imenso taperebazeiro e por um coqueiro se desesperou, ficando por uns segundos sem fala, deixando cair seus pertences alforriou gritos a falar:

- Maria. Meu deus uma vizagem.

Sem tempo e nem coragem para constatar a verossímidade da situação, pois estava de costa, Maria acompanhou Darci no alarir e na correria.

Ambas desembestaram a sair do beco transfiguradas, sob o efeito do desespero. Procuraram a meia luz,  socorro entraram na primeira casa aberta, que  foi a casa do seu Mário.

Tão horrendos, foram os gritos, que parte da rua e todo o  beco  foi pega de susto.

Na casa da dona Maria, onde Afonso, Raimundo, Celeste , Laura, seu Mário e outros  jogavam dominó, como distração na noite. O desequilíbrio emocional e o medo das meninas,  tomou conta da maioria ali. Seu Mário em primeira mão,  atordoado se apressou em depressa a acudir as meninas, que mais pareciam duas corujas desesperadas.

Água com açúcar,  um leque improvisado e o fuzuê estava armado, a monotonia e o silencio da hora devidamente quebrados. O beco todo acordara, sob o pseudonimo de o que foi?... o que aconteceu?...

Enquanto dona Maria com o seu Mário acodiam as meninas  a perguntar:

- Meninas o que houve?

E elas se refazendo do susto respondiam:

- Há uma visagem...Um homem no cavalo, empunhando uma espada, bem  no meio do beco.

Naquela época, onde os ladroes eram meros pressagios, bem como a enérgia eletrica, da Celpa e outras dificuldades. Os  seres e as lendas ocupavam todo o espaço, do imaginário popular,  que faziam as pessoas ao redor  acreditarem fielmente no relato, deixando todos no mínimo ressabiados.

A notícia acordou até o tira-dama lá no início da rua.

Formou- se uma comitiva de homens pra entrar no beco e ver a suposta visagem.

Dizem,  sem aumentativo,  que a rádio "PRC5 esteve por lá pra averiguar o ocorrido,  dada a falta de notícias importantes na cidade.

Mas o fato é que a comitiva entrou no beco e não viu nada.

Passado o susto,  apesar do sobreaviso alguns ficaram matutando naquela situação, outros mais medrosos, mantinha a cautela e procuravam chegar cedo em casa. Pois pelo sim ou pelo não,  jamais queriam vir a acalmar visagem. Que pela boca afora,  já tinha virado Matinta Pereira.

Até,  que na taberna do seu Bené, tio Bena, Wilson e outros conversado evidenciaram algo, mas não chegaram a decifrar.

Porém foi o seu Manduca, em sua janela observando,  numa noite de luar, quem descobriu a origem da visagem.

Disse ele:

- Visagem nada. É que, com a brisa a farfalhar a palmeira do coqueiro,  com as folhas  do taperebazeiro, sob o luar forma uma sombra a parecer alguém num cavalo erguendo uma espada.