O CAIXÃO
Um fazendeiro, já sentindo o peso dos anos, deixou de cultivar os seus campos.
Passava os seus dias sentado na varanda, feliz e satisfeito, apenas observando a natureza: as árvores frondosas, o cantar dos pássaros, enfim, a vida em movimento.
Seu filho via tudo aquilo e, sendo insensível e egoísta, não suportava o comportamento de seu pai. Trabalhando na fazenda, às vezes, parava e dizia para si mesmo:
- Ele é um inútil! Fica o dia inteiro sentado e faz nada!
O filho ficou tão contrariado pelo modo como seu pai passou a levar a vida que acabou por fazer um caixão de madeira. Levou-o até a varanda onde seu velho pai estava e falou, de maneira áspera, para que ele entrasse nele.
O velho nada disse: obedeceu a ordem insólita do filho.
Então, ele fechou a tampa e levou o caixão para um grande abismo.
Ao se aproximar do lugar, o velho deu uma suave batida na tampa. O homem abriu.
O velho deitado calmamente disse com voz tranquila:
- Filho, sei que vai me jogar neste buraco, mas antes, posso lhe fazer uma sugestão?
- O que é? – respondeu o homem atônito e confuso pela serenidade de seu velho pai.
- Apenas lance meu corpo velho neste abismo. Guarde este caixão de madeira, pois seus filhos irão querer usá-lo um dia com você...
2010