A DESOLADA - BVIW

 

 

 

Que tanto de medo há em abrir a porta e sair de trás dela? Que respostas não conseguimos dar para as inseguranças dos outros?

Telminha via a velha Teresa cada vez mais embutida numa ostra costumizada; a prova de risos, a prova de bala. E viver assim fazia bem para quem?

- Tia, a senhora está muito sem vida. Que tal ir no terreiro conversar com os passarinhos ou dar água para as florzinhas. Minha mãe fazia isso quando estava triste.

- Sua mãe era a alegria em pessoa. Ela nem sabia o que era ser triste. Só pensou, não falou. Que o retrato da irmã era uma fonte de estímulo. O problema era que não ter mais a irmã era ganhar dez passos para um precipício, era quase uma corda no pescoço… e para não cair num poço sem fim, melhor ficar atrás da porta, sem futuro e sem agora.

De repente começou a cair uma chuva. Relâmpagos e trovoadas fizeram um corpo cair atrás da porta. Tereza estava morta.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 30/10/2024
Código do texto: T8185520
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