A DESOLADA - BVIW
Que tanto de medo há em abrir a porta e sair de trás dela? Que respostas não conseguimos dar para as inseguranças dos outros?
Telminha via a velha Teresa cada vez mais embutida numa ostra costumizada; a prova de risos, a prova de bala. E viver assim fazia bem para quem?
- Tia, a senhora está muito sem vida. Que tal ir no terreiro conversar com os passarinhos ou dar água para as florzinhas. Minha mãe fazia isso quando estava triste.
- Sua mãe era a alegria em pessoa. Ela nem sabia o que era ser triste. Só pensou, não falou. Que o retrato da irmã era uma fonte de estímulo. O problema era que não ter mais a irmã era ganhar dez passos para um precipício, era quase uma corda no pescoço… e para não cair num poço sem fim, melhor ficar atrás da porta, sem futuro e sem agora.
De repente começou a cair uma chuva. Relâmpagos e trovoadas fizeram um corpo cair atrás da porta. Tereza estava morta.