A ÁGUA MAIS SABOROSA

Certa vez, um viajante sedento, caminhando pelo deserto escaldante, encontrou uma fonte de águas cristalinas num oásis. A água era tão límpida e fresca que, maravilhado, resolveu levar um pouco dela para o califa.

Assim que matou a sua sede, ele encheu o cantil com aquela água que ele julgava ser maravilhosa. Percorreu muitos dias até alcançar o palácio do califa.

Quando encontrou o seu soberano, curvou-se e entregou-lhe o cantil com a água que ele julgava ser a melhor do mundo.

Contudo, ele não sabia que a água já estava estragada, pois o cantil era velho e ela ficou guardada por vários dias.

Mas, o califa não deixou transparecer que aquela água estava imprópria para se beber: saboreou-a com uma olhar de gratidão e alegria.

O homem, ao ver que seu soberano ficara satisfeito com o presente que lhe dera, ficou esfuziante e saiu da sala com o coração em transbordante júbilo.

Assim que se foi, o vizir, curioso, provou daquela água cujo gosto estava terrível. E perguntou ao califa:

- Por que não disse a ele que a água estava estragada? Por que fingiu para o pobre homem!?

E o califa respondeu-lhe:

- Ora, não fingi. Não foi a água que saboreei, mas o amor que ele demonstrou em seu ato de oferecimento.

2010

Hélder Sena de Sousa
Enviado por Hélder Sena de Sousa em 27/10/2024
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