HÁ MALES QUE VÊM PARA NOSSO BEM – II
Aquele homem foi o único sobrevivente do naufrágio. Agarrou-se a uma tábua de madeira e acabou indo parar numa ilha deserta. Vendo que estava salvo, agradeceu a Deus.
A ilha possuía frutas e água em abundância e fome e sede, ele não passou. Novamente, ele agradeceu a Deus.
Com muito trabalho, ele construiu uma cabana para se abrigar da chuva e do sol.
Quando a cabana ficou pronta, ele agradeceu a Deus, mais uma vez.
Era necessário fogo para iluminar a noite. Friccionando duas pedras, ele conseguiu uma faísca e obteve o fogo. De novo, ele deu graças a Deus.
O tempo foi passando e o homem começou a perder as esperanças. Será que ninguém o encontraria? Mas, sua fé era maior e ele acreditava em um milagre.
Certo dia, ao buscar frutas para comer, o fogo que ele mantinha sempre aceso, incendiou sua cabana. Uma enorme coluna de fumaça, ergueu-se nos céus. Nada restou, além de cinzas.
O homem ficou desesperado. E bradou:
- Meu Deus! Por que fizeste isto comigo? Sempre te agradeço pelas coisas boas que tem me dado e me fazes isto? Por que?
E ficou com muita raiva e começou a chorar. Depois, exausto, adormeceu.
Quando acordou, viu que estava cercado de homens de uniforme, de marinheiros.
Levou um susto. Não via um ser humano há meses.
Disse-lhes que naufragara e perguntou-lhes como o acharam.
Eles disseram que viram fumaça e suspeitaram que fosse um pedido de socorro. A fumaça vinha da cabana que, por acidente, pegou fogo.
Vejam só: se não fosse a fumaça da cabana que incendiou-se, os marinheiros não o localizariam.
Sendo assim, fica um ensinamento: o que pode ser, a princípio, uma catástrofe, no fundo, poderá ser uma grande realização. Saibamos, portanto, esperar: temos o defeito de querer tudo no agora, no hoje. Todavia, Deus tem o seu tempo. Confiemos n’Ele. Ele é infalível. E, sobretudo, nos ama.
No fim, tudo melhora. Se não melhorou, é porque ainda não é o fim. Fernando Sabino
2010