O Dia em que os percevejos partiram

Quando os açaizeiros começaram a despontar atrás da casa da dona Maria, nascidos por lá, pela magntude da natureza. Migraram pra lá alguns percevejos, que se alimentavam da seiva da árvore. 

Logo cedo, quando o sol ia amanhecendo o dia, eles festejavam  de alegria a grande safra de alimentos pra toda a comunidade.

Ali eles construíram suas casas, criavam suas larvas e quando a chuva do norte se intensificava, pra eles não caírem e quem sabe virem a obito no igarapé, que lá desenhava o quintal voavam do açaizeiro pra um figueiro,  que fica ao lado da casa dela.

Por um tempo ficavam a apreciar as gotículas, que desciam no corpo esverdeado da árvore.Contemplavam a natureza sob a tranquilidade do ambiente.  Até aquelas palmeiras soltarem os seus primeiros ramos, deixando nascer seus primeiros frutos.

Ainda no curso da boa ordem,  a manifestação era de bem estar.

Como a necessidade de alimento não é só de alguns, mas de todos os seres vivos. Voando a procura de alimentos,  uns ânuns pretos descobriram as palmeiras e com seus olhos aguçados  descobriram também o reino dos percevejos, que para eles era  certeza de alimentos.

De forma, que numa das belas manhãs os anuns desceram e se entrelaçaram nos ramos a atacar a comunidade comendo bastante percevejos, que sem ter como se defenderem voaram para o figueiro e se esconderam no tronco daquela árvore.

Dali em diante,  várias foram as investidas dos anuns vorazes, a  descer no açaizal para se alimentarem dos pequenos insetos.

E eles por  força da necessidade,  questão de sobrevivência,  entendendo o risco de extinção a continuarem a insistir ficar por lá, decidiram em assembléia migrarem para outro lugar.

Diziam assim:

- Questão de ordem e de sobrevivência,  temos que ir pra outro lugar. Quem estiver de acordo permaneça em silêncio,  para também homenagear os nossos compatriotas mortos pelas aves.

Obedecendo ao rito, mesmo sob a chuva muito forte da tarde, eles seguiram a rumo ignorado.