SEXTA-FEIRA...
Bum! Bateu. Foi forte. Parece que não sobrou nada, se sobrou não serve para nada, enfim, acabou, silêncio! Nenhuma voz, ninguém apareceu. Solidão, era o fim. Acabou, será a paz?
Bum! O barulho ecoava no vazio, sem choro e nem lamento, sem lenço e nem documento. Cabelos ao vento? Não havia mais o vento, os cabelos, sem movimento. Calor!
Bateu, bateu, bateu, e continuava batendo. Bum! Bum! Bum! Voltou a bater mas dessa vez bem longe, baixinho. Bateu em nada, mas era o nada mais duro que já tinha visto, não viu, só sentiu o baque seco. Um muro? Um poste? Uma árvore? Não! Desamor! O inferno.
Acabou, bateu a porta, bum! Nunca mais será aberta, fora! Rua! Apenas com uma mala e sem destino. O fim. Foi descoberto, acabaram as mentiras.
Andando perdido pela rua, entrou no carro, saiu a toda velocidade, numa reta sem fim, viu uma luz, ela era vermelha e tinha um sorriso macabro, perdeu o controle, se é que ainda tinha algum. Bum! Bateu! Era a vergonha, a verdade nua e crua e seus pecados sugando a sua alma e levando-a com violência por um beco escuro, onde ouvia gritos e gemidos de dor. E não sobrou nada, nem história para contar. Sem perdão, foi jogado no caldeirão de óleo fervente, onde vai queimar por toda a eternidade.