A VINHA DO REI
O rei estava muito nervoso. Estava assim há anos. O motivo do seu mau humor era não encontrar um vinho que satisfizesse o seu paladar exigente.
Era um grande admirador de vinhos. Possuía, em sua adega, uma enorme variedade, alguns raríssimos, que valiam uma fortuna. Mas, nenhum destes vinhos, tão caros e valiosos, parecia agradar ao rei que governava de maneira despótica aquele país.
O povo ameaçava se rebelar, os ministros o alertavam para a situação periclitante que se encontrava o reino, mas ele só se preocupava com a busca do vinho ideal.
Mandou seus emissários aos confins da terra, aos países mais longínquos para lhe trazerem este vinho especial.
Muitos morreram nestas viagens. Outros se perderam e nunca mais foram encontrados.
E o rei continuava sendo cruel com seu povo, aumentando os impostos que já eram altos.
Um dia, o rei estava passeando pelos pátios de seu castelo, quando viu um criado que vinha trazendo uma jarra de vinho. Fazia calor e o rei cansado e desiludido de sua busca sem fim, ordenou ao servo que lhe desse um pouco daquele vinho.
O servo, obediente, buscou uma taça e encheu-a de vinho para o rei.
Ele bebeu e achou o seu sabor excelente! Sua busca havia terminado! Encontrou o seu vinho afinal!
Perguntou ao criado onde havia conseguido aquele vinho.
Ele lhe respondeu:
- Ora, meu senhor, em sua vinha.
O rei custou a acreditar. Com o coração apertado, descobrira que sua busca fora inútil: o melhor vinho era produzido em suas próprias terras.
Após este episódio, o rei mudou. Ouviu seus ministros, respeitou o seu povo e o país prosperou.
“Muitas vezes, procuramos coisas que nos agradam em lugares muito distantes. E elas podem estar bem perto de nós”.
2003