A Última ligação telefônica
Havia combinado com o Inaildo e a Vânia de nos encontrarmos as 9:00hs da manhã em frente ao antigo terminal rodoviário de Belém para levá-los ao Cutijuba, que eles não conheciam.
Lá chegando percebi que eles não estavam. Esperei até as 10:00hs, como não apareciam, me preocupei e então resolvi ligar ao Inaildo, pra saber o porquê do atraso, mas quando cheguei pra telefonar no telefone público de fora do terminal. Santo deus, havia uma fila imensamente grande. Como sempre, parecia que só aquele aparelho é que estava funcionando.
Ai como sendo o ultimo fiquei a observar os que lá na frente estavam. De repente, olhou para trás uma baixinha, morena de cabelos negros bonitos, que me chamou a atenção...
Fiquei a fitá-la e ela percebeu o meu olhar, tanto que tornou a olhar, com aquela carinha de anjo venenoso.
Eu me agoniei em querer me aproxinar, antes, que outros percebessem a beleza dela e se aproximassem, mas a minha timidez me freava.
De repente, o desconhecido, que estava a frente dela se enrrolou ao colocar a ficha no aparelho. Não conseguiu telefonar e abandonou o pleito, como se nada tivesse acontecido.
A moça baixinha se espichava ao tentar sem exito, colocar a ficha no aparelho telefônico. Toda embaraçada e nervosa olhou talvez sem querer para trás e foi interpretado por mim, como um pedido de ajuda. Uma oportunidade única pra me aproximar. E num impulso insano, fora do meu normal, passei por todos e fui até ela, como a socorrer.
Vi que havia uma ficcha presa no aparelho, que o pateta anterior tinha deixado. Ai olhei para trás, onde todos estavam me olhando como a espera de um desfecho, que me deixou na obrigação de dizer:
- Pessoal, o telefone esta com uma ficha presa, que está difícil de sair.
Dizendo isso, pra não perder a viagem peguei a morena pelas mãos e a conduzi sob minha vontade, enquanto a multidão da fila dispersou.
Ela me falou rebarbadamente assim:
- Ei pra onde você está me levando.
E eu a acalmei falando:
- Calma moça, vamos lá dentro do terminal, lá deve ter uma cabine disponível.
Na desordem das horas perguntei se ela gostaria de viajar comigo pra Cutijuba e ela com um olhar indeciso me disse em resposta:
- Ta louco. A minha prima me espera em Mosqueiro.
Daí seguimos adentrando ao terminal.
Ela parecendo desorientada mesmo, como se pouco conhecesse o ambiente ou melhor, de pouca experiência, me acompanhou.
Ao chegarmos a cabine toda amarela, saiu um usuário bem na hora. E nós aproveitamos pra entrar. Coloquei a ficha e ao lado dela deixei-a ligar.
Quando, não sei como o Inaildo me encontrou lá, já me intimando pra irmos embora.
Eu falei a ele:
- Perai meu amigo. Eu entrei aqui pra te ligar. Mas como você já está aqui. Aguarde, estou tentando levar uma companhia pra mim.
E ele saiu da cabine e foi lá pra fora me esperar, enquanto eu me resolvia com a morena.
Tentei a todo custo levá- lá comigo. Fiquei deverasmente impressionado, mas ela se negou viementemente a ir. Dizia mais ou menos assim:
- Tá louco, não posso...minha mãe me mata.Minha prima está me esperando no Mosqueiro.
Compreendendo a situação perguntei a ela gentilmente:
- Você então, pode me dizer o número do seu telefone?...
Ela, quem sabe ressabiada, mas imaginando, que jamais eu fosse ligar, me disse e eu anotei, sem saber que no futuro iria ter dois lindos filhos com ela.