Tudo é rio, mas nem tudo passa...
A menina era bonita... como diziam alguns, era jeitosa... Ficou sem pai e depois a mãe morreu quase que em seguida. Não havia completado nem o ensino fundamental. E, então, resolveu ser puta. Aliás, puta na pior acepção da palavra... Não a mulher que faz tudo aquilo que se imagina. Mas, aquela que vende o corpo e quiçá a alma por dinheiro e vantagens. Margarina tinha treze anos apenas. Sem família. Então, foi para a casa de tolerância, chamada Casa da Luxúria. Margarida perdera a virgindade ainda aos doze anos, quando um primo Leonardo a violou, apenas por mera curiosidade. Agora, Margarida ia transformar seu corpo numa mercadoria lucrativa. Queria ter roupas boas, sapatos, comida e um teto para abrigar-lhe. Não se acreditava que se dedicou ao meretrício por mera opção, mas sim, por total falta de oportunidades. O velho professor de latim, Apolinário visitava habitualmente o meretrício, e Laura a gerente do lugar ofereceu-lhe Margarida. Aliás, convém alertar que o Ministério do Trabalho e Emprego reconheceu por meio de Classificação Brasileira de Ocupações, a profissão de prostituta (CBO5198), sob a denominação de "profissionais do sexo". Apolinário era um senhor de sessenta anos... e, temia o fato de Margarida ser muito jovem... Temia não ter a força sexual necessário para copular com a menina. Apolinário então, tomou um viagra. E, aceitou a deitar-se e deliciar-se com a menina. Em seu íntimo, por conta de toda formação intelectual, se sentia sujo e repugnante... Mas, não tinha vida sexual senão fosse no puteiro. Entrou no quarto e, encontro Margarida com uma lingerie de cetim rosa... Era o primeiro "cliente" de Margarida no puteiro... uma vez que era recém-chegada. Pediu para Margarida despir-se... e ficou olhando aquele jovem corpo... de carnes duras e, sua sede de sexo esmaeceu-se na contemplação. Então, depois deitou-se nu ao lado dela. Mas, sentia-se o último ser humano da face do planeta. Engasgou-se com a talagada de conhaque que tomara para se animar... pois fazia um frio de doze graus... Começou a tossir... e Margarida muito solícita trouxe um copo de água... e deu-lhe uns tapinhas nas costas. Apolinário começou a recitar: Alea jacta est (a sorte está lançada) Audaces fortuna juvat (a sorte sorri para os audaciosos".) Carpe diem.(Aproveite o dia). Ex nihilo nihil fit. Nada pode ser criado ou destruído. A noite terminou e Apolinário e Margarida não copularam... Alisaram-se, conheceram-se os corpos e até as almas. Mas, pararam na beira do abismo. Seria uma cópula metafísica. Imaginada, sonhada mas jamais concretizada. A dura vida de Margarida é tragada pelo rio do destino, mas nem tudo passa.