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Entre Sombras e Luz

A Luta Silenciosa pela Sobrevivência

 

  Ela não conseguia lembrar do momento exato em que tudo começou a desmoronar. As imagens em sua mente eram fragmentadas, como se seu cérebro estivesse em um loop de caos e silêncio. O que era real? O que era apenas um produto de sua mente perturbada? O tempo se diluía em flashes distorcidos de luzes e sons, mas nada fazia sentido. Não havia mais chão sob seus pés, apenas o vazio, e cada vez que tentava agarrar a realidade, sentia-se afundando ainda mais.

 

  A última coisa de que se lembrava era o impacto — violento, repentino. Algo havia colidido contra ela, seu corpo sendo arremessado, o som estridente de vidros se despedaçando, gritos que podiam ter vindo dela ou de algum lugar distante. Depois disso, o silêncio. O vazio que a engoliu. Mas onde estava agora? E o que era esse lugar onde as paredes pareciam não existir e o tempo corria sem rumo?

 

  Ela tentou se mover, mas o corpo não respondia. Era como se estivesse presa, não apenas fisicamente, mas em algo mais profundo, como uma prisão mental. Tentava gritar, mas sua voz era abafada, não chegava a lugar algum. E, então, veio a dúvida: Estaria morta? A ideia percorreu sua mente como um veneno lento. Não havia dor, mas também não havia conforto. Apenas uma sensação de estar à beira de algo incompreensível, algo que ela não conseguia nomear.

 

  A escuridão ao seu redor não era apenas a ausência de luz, mas uma presença. Ela sentia que havia algo ali, algo que a observava, silenciosamente, esperando que ela percebesse sua própria condição. Cada tentativa de compreender sua situação resultava em um redemoinho de pensamentos, puxando-a para mais fundo. Seria isso a morte? Um estado de inconsciência eterna, onde a linha entre o sonho e a realidade se desfazia?

 

  O tempo passou, ou ao menos, parecia que sim. Não havia como medir os minutos ou as horas. Sua percepção de tudo ao seu redor era vaga, fragmentada. Ela flutuava entre a certeza de que estava viva e a possibilidade de estar presa em um limbo. Tentava lembrar de detalhes, de algo que pudesse dar sentido ao que estava acontecendo, mas sua mente era uma paisagem nebulosa. E então, em meio ao vazio, uma sensação se destacou: o medo. O medo de não conseguir escapar, de não conseguir descobrir a verdade.

 

  Ela começou a se perguntar se tudo isso não era apenas uma ilusão. Talvez estivesse em coma, ou presa dentro de sua própria mente, incapaz de acordar. Seria possível que sua mente estivesse tentando protegê-la do que realmente aconteceu? Ou talvez, estivesse tentando lutar para sair de um estado de transe. Em algum lugar, seu corpo poderia estar ferido, destroçado. Mas ali, naquele espaço sem forma, ela ainda podia sentir. Podia pensar.

Era difícil distinguir o que era real. Quando fechava os olhos, visões desconexas tomavam forma: flashes de momentos anteriores ao acidente, rostos de pessoas que amava, lugares onde já esteve. Mas tudo se dissipava em segundos, como se o próprio ato de tentar se lembrar os destruísse. O que restava era apenas o agora, um presente sem corpo, sem voz, sem chão. Apenas ela, e o peso de sua mente fragmentada.

 

  De repente, algo mudou. Um som distante, quase inaudível, como se viesse de muito longe. Ela tentou se concentrar nele, mas era impossível distinguir o que era. Talvez fossem vozes? Estariam tentando falar com ela? Ou seria apenas outro truque de sua mente? A incerteza era insuportável. Tudo parecia se mover em um ritmo lento, mas ao mesmo tempo, sua ansiedade crescia. Ela precisava saber. Precisava entender o que estava acontecendo.

 

  Os segundos se tornaram eternidades. Ela tentou mexer os dedos, sentindo uma leve resistência. Estava ali. Seu corpo estava presente, em algum lugar. Mas por que não conseguia se conectar totalmente a ele? E se o impacto tivesse sido tão grande que a tivesse separado de si mesma? Uma parte dela ainda estava lutando, tentando reconquistar o controle. Mas a outra parte, aquela que sentia o peso da escuridão, já estava desistindo.

Cada pensamento a puxava para direções opostas. Seria melhor desistir? Aceitar que estava presa entre dois mundos e que não havia escapatória? Ou deveria lutar, continuar tentando se mover, tentando acordar? Mas acordar para quê? E se o que esperava do outro lado fosse pior do que estar ali, nesse limbo entre o conhecido e o desconhecido? A dúvida corroía qualquer vestígio de certeza que ainda pudesse ter.

 

  E, então, o silêncio foi interrompido. Não por som, mas por uma sensação. Uma força invisível parecia tentar puxá-la de volta. Um puxão suave, mas firme, como se estivesse sendo chamada para fora daquele vazio. Ela sentiu uma pressão em seu peito, um aperto que a fez questionar se estava respirando. E se estivesse apenas tentando sobreviver? E se toda essa escuridão fosse apenas um reflexo de sua luta pela vida?

 

  Ela não sabia. A única coisa que tinha certeza era que havia algo maior, algo além da escuridão. Talvez fosse a realidade, tentando trazê-la de volta. Ou talvez fosse sua própria mente, cansada da luta, tentando forçá-la a despertar. O que quer que fosse, ela sabia que estava perto de uma resposta. Perto de descobrir se ainda havia vida após o impacto.

 

  De repente, uma luz fraca, quase imperceptível, atravessou a escuridão. Não era forte o suficiente para iluminar o que havia ao redor, mas era o suficiente para trazer um pouco de esperança. Ela sabia, agora, que não estava sozinha. Não importava se estava viva ou morta, o que importava era que a luta ainda não tinha terminado. E com isso, algo dentro dela se acendeu.

 

A Sales
Enviado por A Sales em 21/09/2024
Reeditado em 21/09/2024
Código do texto: T8156312
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