REBULIÇO NO TERREIRO
Vários recantistas vão se ver neste conto.
A lua clareava aquele enorme terreiro onde existia apenas uma casa, a tranqüilidade era total todas as noites, já que durante o dia a bicharada gostava da bagunça, o que praticamente era aceitável. Tinha um galinheiro, um curral e uma estrebaria, além de uma enorme "gaiola" onde pássaros viviam a cantar e levar uma vida boa, pois tinham a liberdade de saírem em busca de seus alimentos preferidos, como insetos, por exemplo, retornando a hora que quisessem. A vida ali era mansa. Mas nessa noite o "bicho pegou" e o silêncio foi interrompido, não se sabia o porque, foi com muito trabalho que a situação foi controlada. Vejamos o que aconteceu, mas antes quero apresentar os personagens desta historinha: a gatinha Lumah, de pelinho bem branquinho, muito charmosa; depois vem a patinha Cristina, muito espalhafatosa, que bota qualquer um pra correr, também bem branquinha; agora vem o galo Jô, que toda manhã canta para acordar o resto da bicharada; tem o papagaio Dartagnan, eita bichinho pra falar! E é fanfarrão demais, conta muitas histórias sobre as papagaias que já namorou; Nádia é uma ovelhinha também branquinha, xodó dos cabritos e bodes do terreiro; apresento agora o lobo Moacir, o vilão dessa história, que assustou todo mundo mas foi colocado para correr. Tem mais e agora é gente mesmo: o casal Roberto e Mary Jun e o Solano. Pronto, agora vamos aos fatos.
Era mais ou menos onze e meia da noite, a lua estava linda e clareava todo o lugar, quando a patinha Cristina correu apavorada pelo terreiro gritando que ouviu um barulho estranho no portão de entrada. O galo Jô desceu do poleiro, bateu as asas e seguiu a patinha Cristina para se inteirar do que estava acontecendo. Nesse momento a gatinha Lumah, assustada e de olhos esbugalhados, deixou o seu cantinho onde dormia tranquilamente embaixo de uma escada para olhar o terreiro, queria também saber o que estava acontecendo. Ouviu-se um "mééééé", era a ovelhinha Nádia, paralisada de medo com aquele rebuliço todo. O papagaio Dartagnan abriu logo o bico e gritou: "que zona é essa???" Foi um Deus nos acuda que acordou até os donos da casa, seu Roberto e d. Mary Jun. Ele acordou e ainda de pijama portando uma espingarda do tempo do ronca ficou olhando pela vidraça da janela, ficou com medo de abrir a porta e se deparar com algum malfeitor. Além do clarão da lua tinha um lampião nas mãos de um dos empregados da casa, o Solano, que também ficou curioso com a algazarra dos bichos.
A gatinha Lumah era a mais medrosa, miava o tempo todo, sendo acalmada pela ovelhinha Nádia, que não mééédia esforços para ajudá-la, as duas se davam bem. A patinha Cristina se achegou para o galo Jô, que era o 'chefe' do galinheiro, mandava em todas as 🐓 galinhas e quase todas botavam ovos com a "ajuda" dele, o bicho era "galanhão", ops, "garanhão". O papagaio Dartagnan só fazia gritar e dizer: "tem ladrão aí!!!" Roberto Jun e sua esposa Mary perderam o medo e abriram a porta, mas o "cospe fogo" estava engatilhado e viu seus animais em alvoroço no meio do terreiro. Solano foi ao encontro dos patrões e perguntou se estava tudo bem, foi apenas informado que os bichos estavam inquietos e não sabia o que os deixava assim.
Depois de muito estica e puxa descobriu-se a causa daquele rebuliço todo, foi apenas o lobo Moacir que talvez tenha tentado invadir o local e ficara preso no arame que protege tanto a cerca como o portão de acesso do local. Com suas patas fortes tentou em vão se desvencilhar dessa "armadilha" e isso despertou a bicharada que ali vivia na maior tranqüilidade. Como o Moacir era um lobo quase bonzinho e já era conhecido, a turma se acalmou e até ajudou a sair dessa enrascada, mas mandou ele "pegar o beco" de imediato. Já passava da meia noite quando enfim o silêncio reinou ali e todos puderam dormir em paz.