Sinal de alerta a dois (BVIW)
Jorge tinha um passado sombrio, mas ninguém ousava comentar sobre o assunto. Os moradores de Morretes sabiam que havia algo estranho, embora ninguém conhecesse de fato o motivo da introspecção do rapaz. Jorge amava Ana, e morria ciúme da namorada, tanto que em pouco tempo de relacionamento já colocou uma aliança no dedo da menina. A intenção era de pôr barreira de proteção, um alerta de compromisso para os marmanjos de olhos compridos para a beleza da jovem.
Ana tinha alma e espírito leves, e uma certa ingenuidade em confiar demasiadamente nas pessoas. Acreditava que o amado era protetor, e que a sua cara fechada seria apenas um tipo que impõe respeito. Não era bem como imaginou. Quando passou a ser esposa, as garras possessivas do marido feriram a sua pele deixando marcas doídas. Ana passou a evitar Jorge, que saía dias na semana para o bordel. Machista que era, e com interesse egoísta, em vez de procurar se acertar com a mulher, ele recorria à satisfação pessoal.
Sarah, amiga de infância, percebeu mudanças no comportamento de Ana e de constante estar com os braços cobertos. A amiga lhe cutucou tanto as ideias que Ana mostrou diversos hematomas no corpo, abusos sofridos pelo marido. Ciúme doentio de Jorge, até da mãe e dos irmãos, que levou à agressão física. Após o desabafo, Ana reagiu e foi passar uns dias na casa da prima, em outro estado, até que resolvesse o que faria dali para frente. Porque voltar para casa, não aconteceria. Uma vez agredida, seria eterna vítima da violência doméstica.
Dona Terê ficou em choque com o fato. Desconfiava do jeito arredio do genro, mas a ponto de ferir a quem dizia amar? Era inaceitável! Quando o amor machuca é hora do autocuidado. Amar-se em primeiro plano salva a própria vida.
Tema proposto pelo BVIW - Criar um conto inspirado no livro "Tudo é Rio", de Carla Madeira.
(BVIW - *BECOMING VERY IMPORTANTE WRITER/ "Tornando-se um escritor muito importante").