RAQUEL...
Raquel andava tão estressada devido a violência doméstica que ela vinha enfrentando todos os dias, chegou a quebrar uma viatura da polícia militar e ser presa para conseguir paz e sossego. Ficou felicíssima quando recebeu voz de prisão. Os policiais militares olharam um para o outro não conseguindo entender nada.
Sendo encaminhada para a delegacia local levantaram a ficha criminal dela e nada encontraram. Era vendedora autônoma de cosméticos, não usava drogas e nem ingeria bebidas alcoólica. Dra. Catarina, delegada de plantão e psicóloga percebeu que por trás daquela atitude agressiva estava acontecendo alguma coisa errada no dia a dia daquela pobre mulher. Procurou dar a ela uma chance, liberando-a.
Na saída da delegacia, ela deu um cartão para Raquel dizendo: quero te ajudar, me ligue. Assim fez Raquel, colocou o cartão na bolsa e retornou para a sua casa. Retornando encontrou tudo revirado e com vários bilhetes ameaçadores.
Ligou para a Dra. Catarina pedindo socorro. Passados uns dez minutos chega uma viatura da polícia civil para apurar os fatos.
Raquel relata a polícia que há mais de cinco anos vinha passando por violências e ameaças pelo seu ex - companheiro, que usava o codinome Tufão. Recebeu medidas protetiva e convidada a participar de um grupo de mulheres que passavam por situações parecidas. Não faltava a nenhuma reunião, ouvindo relatos de mulheres que passavam por violências físicas e psicológicas. Joana, professora e, uma das participantes do grupo deu um testemunho que mexeu muito com Raquel. No relato ela dizia: uma noite estava tão angustiada acabei entrando numa boca de fumo para encontrar algum traficante pelo caminho para dar um fim na minha vida. Sorte ou azar, um deles me reconheceu e disse: tia Joana o que a trouxe aqui? Joaquim era tio de um aluno que a família tinha muita gratidão por mim, por ter ajudado Henrique, uma criança com muitas dificuldades no aprendizado. Após esse testemunho decidi voltar a estudar e tornar-me uma advogada.
Passei no vestibular, mas não tinha condições financeiras para prosseguir. Encontro casualmente com a Dra. Catarina na feira. Ela pergunta, animada para iniciar a faculdade de Direito?
Muito envergonhada, respondi: não tenho condições de prosseguir, a senhora sabe como é a minha situação financeira.
Uma semana após aquele encontro, recebi uma ligação dela me comunicando, consegui uma bolsa de estudos e um trabalho para você na faculdade onde estudei e formei.
Parece que foi ontem, dez anos se passaram. Hoje sou delegada, trabalhando na Delegacia da Mulher graças a ajuda da Dra. Catarina. Prossigo orientando as mulheres que vivem situações de violência doméstica. Gratidão eterna a essa mulher que confiou e acreditou, que eu era capaz de enfrentar os desafios para alcançar a minha vitória.