A tragédia da rejeição.
A tragédia da rejeição.
José Maria ou Zezinho era uma criança com apenas três anos de idade quando lhe fora diagnosticado autismo no grau máximo. Sua mãe, uma verdadeira guerreira, se esforçou muito para que não apenas superasse as dificuldades vindas com o Transtorno como o alfabetizou em casa, levava o menino para as terapias e, ainda, ciosamente, dava os remédios prescritos para evitar os surtos. Sua mãe se chamava Margarida... era minha amiga, trabalhávamos juntas por muitos anos. Eu e ela nos aposentamos na mesma ocasião. Quando a criança tinha uns seis anos, Margarida apresentou problemas cardíacos, que se agravaram com a estafante tarefa de cuidar de José Maria. O pai do menino era contador de uma multinacional muito famosa e trabalhava muito e viajava também. Quando o menino fez sete anos, José Maria, pai, desabafou para Margarida, que não aguentava ver as condições da criança e, saiu de casa e pediu divórcio. Zezinho era filho único de ambos os pais. Em contrapartida, deu total assistência financeira para a criança e para mãe. Mas, nem sequer o visitava. A pobre criança se ressentia da indiferença paterna. O pai confessava com os amigos e parentes que a criança veio com defeito... Eu ouvia aquilo e achava que a crueldade mais verbal do mundo. Margarida sempre resiliente quando o menino fez oito anos, no dia seguinte de seu aniversário, teve um infarto fulminante e veio a óbito. No enterro, o José Maria, pai se lastimava em ter que cuidar da criança, para qual não se sentia preparado... Então, o menino foi para a casa da avó paterna, e o pai contratou duas cuidadoras, uma para sua mãe idosa e outra para o menino. Um belo dia, a criança teve um surto e, morreu engasgada com o próprio muco. Exatamente seis meses depois do óbito da mãe. Fiquei estarrecida com todo o desenrolar da história. E, aí, resolvi pedir aos leitores e leitoras que reconheçam e valorizem as mães de crianças especiais. É um kharma bastante intenso, mas não podemos deixar de reconhecer que mesmo as crianças especiais merecem afeto, atenção e mais, respeito à sua dignidade humana. A criança é um ser humano em desenvolvimento... Não podemos desistir jamais. Agora José Maria filho está ao lado de seu querida mãe. Sua guerreira incansável que jamais desistiu dele.