Naquele São João
Num sábado de São João, Júnior, Higino e Betinho, após o almoço terminavam de passar cera cachopa no chão. E se sentiram desobrigados de qual quer outra ordem após a tarefa cumprida.
Por isso calmamente saíram pela porta lateral da casa como de costume e foram se assentar num banco de madeira ao pegado do muro do Durval. A fitar o tempo, esperando aquela chuva da tarde cair em Belém, prá eles irem jogar bola com os seus comparsas.
No entanto, só chuviscou, não caiu uma gota sequer a mais, como eles imaginavam. Mesmo assim eles, se levantaram e foram pra perto da casa do Getúlio, que fazia rabiola e papagaios, pra esperar o Abelardo, Pedrinho, Codó, Miguel, Paulinho Japona, e o neném pra eles subirem o morrinho e lá desafiaram o time do Tadeu .
Enquanto isso, a sombra do poste um escorado no outro observavam Gilberto, construir uma fogueira sob as Castanheiras já enfeitadas com bandeirinhas pro festejo a noite.
Assim o tempo foi passando, passando e
aconteceu, que naquele dia, alguma outra programação acontecia porque eles viram de relance o Tadeu, Paulinho Catitu e os outros meninos do morrinho passaram todos pro mercado de Santa Luzia. E quando iam perguntar algo, foram surpreendidos pelo Aldenir , irmão do Júnior , do Higino e primo do Betinho, que estava com o Nando, Tinho, o Zagueiro e o Mariozinho a convidá-los a subir a Bernaldo Couto até o mercado de Santa Luzia pra ver a programação para o dia de São João.
Como a não verem acontecer a movimentação dos colegas pra jogarem bola resolveram se enturmar e foram com os adultos.
Lá chegando muita gente dos arredores apreciando a festividade e a molecada da bola em peso. Todos, que jogavam a tarde no asfalto e mais alguns, como Paulinho Diabo, Moisés, Edson, botinha, Papagaio, Coelho, Euzemar e Bidó.
De cara dava pra ver o mercado todo bonito, bem enfeitado com bandeirinhas, com fogueira, muitos cartazes, vendas de mingau de milho, pipoca , cocada, tacacá e apresentações de teatro de boneco, brincadeiras, quadrilhas e um imenso pau de sebo, que era a atração principal. Pois lá no alto havia cinquenta cruzeiros e uns brinquedos.
Estalinhos pra cá, bombinhas e rojões pra lá, com o forró certeiro tocando e algumas pessoas dançando sem parar.
Quando o locutor anunciou:
- Agora meus amigos, como em outros anos além das várias quadrilhas a nossa atração principal, o pau de sebo.
E muita gente gritou, muita gente se empurrou como se estivessem só esperando eles levantar o mastro todo lambuzado de graxa e outros materiais, que dificultava a subida.
Nesse empurra empurra, Aldenir teve uma ideia. Esperou levantarem o pau de sebo e chamou Júnior, Higino e Betinho e os contratou dizendo:
- Quando começarem a subir eu aviso pra vocês entrarem na fila e um atrás do outro sobe, se vocês pegarem o brinde a gente divide.
Dessa forma começou a brincadeira. E quando mais ou menos uns vinte moleques haviam subido e descido sem sucesso. Entraram na fila Higino, Betinho e Júnior, que como mandado pelo Aldenir. Assim o fizeram, cabendo ao Júnior o resgate dos brindes, que ele entregou ao mentor Aldenir.
Acontece que trato de crianças com adultos nem sempre tem o final desejado. E esse não podia ser diferente, como de fato. Aldenir recebeu o dinheiro e deu a eles apenas os carrinhos de plástico da Atma e com o dinheiro comprou ainda, uns estalinhos, umas bombinhas e uma caixa de estrelinha.