O QUE A VIDA ME ROUBOU

No suave crepúsculo de setembro, as sombras dançavam em silêncio, envolvendo a alma de Afrodite em um abraço melancólico. Seus olhos, outrora repletos de amor, refletiam agora a escuridão que habitava seu ser. Em meio às folhas douradas que dançavam ao vento, um grito silencioso ecoava em seu peito, clamando por socorro, mas perdido no eco vazio de sua própria mente.

Caminhando por entre os jardins da memória, Afrodite buscava respostas para perguntas que nem mesmo ousava formular em palavras. Os suspiros do vento sussurravam segredos antigos, lembranças de um passado marcado pela dor e solidão. Em cada pétala caída, via-se refletida a fragilidade de sua própria existência, um delicado equilíbrio entre a luz e a escuridão que habitavam seu ser.

Ao se deparar com um girassol solitário, erguendo-se altivo em meio ao mar de incertezas, Afrodite sentiu uma chama de esperança reacender em seu peito. As pétalas douradas dançavam ao ritmo da brisa, como se sussurrassem palavras de apoio e renovação. Em um gesto de entrega, Afrodite colheu o girassol, símbolo de resiliência e força, e o trouxe para perto de si, como um farol de luz em meio à escuridão.

Naquele instante de comunhão com a natureza, Afrodite compreendeu que, assim como o girassol se volta para o sol em busca de vida e calor, ela também poderia encontrar forças para enfrentar suas sombras mais profundas. O Setembro Amarelo, mês da prevenção do suicídio, tornou-se não apenas uma lembrança dolorosa, mas uma promessa de renascimento e superação.

E assim, sob o olhar benevolente da lua crescente, Afrodite permitiu que as lágrimas corressem livremente por seu rosto, lavando a dor e abrindo espaço para a esperança florescer. No jardim de sua alma, o girassol brilhava como um farol de luz, lembrando-a de que, mesmo nas noites mais escuras, sempre há espaço para a luz da vida e do amor.

Com o girassol em mãos, Afrodite sentiu um calor reconfortante envolvê-la, dissipando as sombras que por tanto tempo haviam obscurecido sua visão. Cada passo em direção ao horizonte incerto era agora preenchido com uma determinação silenciosa, uma promessa silenciosa de se permitir evoluir mesmo nos terrenos mais áridos.

À medida que a noite se despedaçava diante do nascer do sol, Afrodite ergueu o girassol em direção aos primeiros raios de luz, como um tributo à sua própria existência e coragem. No coração da escuridão, ela descobriu uma nova canção para cantar, uma melodia de esperança que ecoava além das fronteiras de sua própria dor.

Enquanto os pássaros entoavam seus cânticos matinais e as flores desabrochavam em cores vibrantes ao seu redor, Afrodite compreendeu que a vida, assim como o girassol, é uma jornada de altos e baixos, de luz e sombra. Abraçou o girassol como um símbolo de sua própria resiliência e determinação. No coração da estação do renascimento, ela encontrou forças para continuar sua jornada, sabendo que, assim como a flor se volta para o sol em busca de vida e calor, ela também poderia encontrar a luz que tanto ansiava em seu próprio caminho de cura e transformação.

Lírio Reluzente
Enviado por Lírio Reluzente em 01/09/2024
Reeditado em 01/09/2024
Código do texto: T8141872
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