No olhar

Naquela manhã, a moça entrou na farmácia e foi direto ao setor de cosméticos. Como de costume pegou um rímel e entregou na mão do Fernando.

Outro rímel? – perguntou o rapaz.

Vivo chorando, por isso meu rímel não dura muito.

E já experimentou não chorar?

Não dá, sou triste e solitária.

Também sou solitário e triste, porém encontrei a paz frequentando a pracinha ali na esquina. Fiquei amigo dos pássaros e das pombas, cativo do laguinho de peixes, das pessoas passando com suas vestimentas coloridas e das histórias, que ouço em sussurros.

A mulher pegou o pacote e se dirigiu ao caixa.

Te espero lá – falou o Fernando.

Talvez... – respondeu a moça, com um lampejo de esperança no olhar.

Ondina Martins
Enviado por Ondina Martins em 23/08/2024
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