No olhar
Naquela manhã, a moça entrou na farmácia e foi direto ao setor de cosméticos. Como de costume pegou um rímel e entregou na mão do Fernando.
Outro rímel? – perguntou o rapaz.
Vivo chorando, por isso meu rímel não dura muito.
E já experimentou não chorar?
Não dá, sou triste e solitária.
Também sou solitário e triste, porém encontrei a paz frequentando a pracinha ali na esquina. Fiquei amigo dos pássaros e das pombas, cativo do laguinho de peixes, das pessoas passando com suas vestimentas coloridas e das histórias, que ouço em sussurros.
A mulher pegou o pacote e se dirigiu ao caixa.
Te espero lá – falou o Fernando.
Talvez... – respondeu a moça, com um lampejo de esperança no olhar.