Linhas tortas - Bviw
Faz tanto tempo que não tenho notícias suas e sem lugar de tê-las, me embaraço nessas linhas. Não sei se elas estão ficando tortas ou se são meus olhos atravessando a linha férrea do passado com vagões hora tombando, hora piscando do carro da frente. As linhas desejam saber se você ainda existe em carne e osso ou apenas em minhas memórias. Tenho medo do presente ofertar um fantasma dizendo que sua existência foi embora como peixes que ficam quietinhos no fundo do rio.
Cauteloso, meu coração perguntaria:
- Quando é que ela volta?
A verdade é que nenhuma poesia me ensinou a esconder soluços e deve ser por isso que os prendo na garganta. Talvez daqui pra frente eu te imagine peixinhos.
- Como é que ela me via quando se foi com o amargo desespero de se sentir preterida? Seria como prata, bronze ou como espelho quebrado?
- Eu não mais te via Chu. Nem havia cacos para serem varridos e nem virei peixinho.
Coração acelerado, suor frio na madrugada morta.
- Isso é sinal de vida?
- Sinal? Só se for de que nada sobrou. Todos os nossos escombros estão fora de lugar.
O desamor nunca é belo. Mas não quero perder nenhuma de suas linhas. Mesmo as tortas. Mesmo que não as leia, mesmo que eu não mais exista.