Eu passei no vestibular?!...
Carlinho foi pedir pra sua mãe, professora Oscarina pra sair com Pilão e Nato . Na época o que estava no ar era o resultado do vestibular em Belém.
Como todos os anos esse período é muito festejado. Pessoas aprovadas são ovacionadas e dependendo das condições dos familiares desfilam pela cidade nos carros lambusadas de tinta , ovos e tantas outras coisas...literalmente são ovacionadas. São taxadas de burro e cobertas com talco. É uma festa pras familias, amigos e parentes ter alguém, que venceu uma etapa dificil, que é o desleal vestibular. Tudo isso, pelo menos na cidade das mangueiras, que diga-se de passagem, mangueiras só existe no centro. Virou uma tradição, onde os aprovados são festejados.
Sob essa semântica, até onde se conhece, não se sabia de outros fatos, que no paralelo aconteciam ou melhor, causava efeitos diversos nas pessoas.
Desta feita Carlinhos junto aos meninos até se divertiam sadiamente, num bar , lá no ver o peso, quando Nato e Pilão foram pegar cerveja no bar, e de lá avistaram sem mais nem menos, pelo menos era o que parecia, algumas pessoas desconhecidas cercarem o Carlinho a pintar e a cortar o cabelo dele.
Nesse meio tempo um conhecido do Carlinho já adiantava o pagamento de cerveja em comemoração a algo feito e o dono do bar com o riso no rosto, pois superstição ou não, dizem que traz sorte ao local ter um calouro já tocava a música do Pinduca. Quando Nato e Pilão ao assitirem aquela marmota, preocupados com o rapaz, afinal ele estava com eles correram a mesa pra socorrer o amigo. Com Pilão desesperado dizendo aos supostos agressores:
- Ei vocês estão ficando doidos?!...Podem parar com isso. Ora vejam só cortando o cabelo do rapaz sem ter nem pra que.
E Nato irmão do Pilão no embalo quis saber:
- Por que voces fizeram isso?... O que vamos dizer pra mãe dele agora?
Na interrupção glamurosa da cena, sem ninguém de fato entender direito, um dos rapazes respondeu a interrogação do Nato dizendo:
- Ora, raspamos a cabeça dele, porque ele disse, que havia passado no vestibular.
Pilão e Nato no ridiculo da situacão perderam a vontade de beber e falaram quase ao mesmo tempo:
- Carlinho tu perdeu o juizo.Como tu falas ao pessoal, que tu passou no vestibular, que tu nem tem o segundo grau.
Ele calado estava e calado ficou.
Pegaram este Carlinho e voltaram pra rua do Fio.
Quando pensavam que estavam livres em suas camas assitindo a sessão da tarde. Nato e Pilão ouviram uma certa confusão e olhando pela janela de seus quartos viram a professora Oscarina questionando, tirando satisfação com dona Maria, mãe do Pilão e do Nato do acontecido ao Carlinhos, que saira de sua casa com cabelo e voltou de cabeça raspada e pintada de vermelho.
Dona Maria, nervosa e bastante irritada deixou a dona Oscarina entrar pra receber a devida explicão dos seus filhos, como se estivessem sendo acariados, com o Carlinhos. Que o fizeram sem pestanejar, explicando tudo que de fato tinha ocorrido.
Dona Oscarina se sentindo apalhaçada, não contou história. Tirou do pé o sapato e não quis nem saber, onde estava e aplicou uma surra ao som da marchinha do Pinduca no menino, mesmo sob os apelos da dona Maria.