Copo de alumínio!
Dia após dia ele sempre estava à mesa para desfrutar da tradicional comida: arroz, feijão, carne bovina ou peixe, algumas verduras.
A simples condição de lavrador não o permitia, junto com sua família, desfrutar de comidas requintadas.
A renda para sustentar a família de dez pessoas (oito filhos e o casal) era sempre curta.
O pouco que plantava dava apenas para o sustento da família.
Quando a colheita era boa, ele vendia um pouco do feijão, do arroz e da fava para comprar algumas roupas para os filhos.
Na roça as crianças não tinham sapatos, mas comemoravam quando ganhavam um par de sandálias (havianas!).
O jantar, na maioria das vezes, era regado ao peixe frito com farinha de puba (farinha amarela).
A tentativa de acalentar a ausência de alguma bebida para refrescar a garganta era substituída pelo suco de limão.
A água retirada do pote de barro, com sensação térmica fria, dava alento àquele homem forte e determinado.
O limão partido ao meio pela faca de cozinha era expremido à força para extrair o suco, o qual era misturado com açucar.
O inconfundível barulho da colher nas bordas do copo de alumínio dizia que ele tinha feito um novo suco de limão.
Foi assim ao longo de muitos anos.
A luta para manter-se vivo após uma cirurgia cardíaca abafara, após seus 74 anos anos, o som da colher que girava a água do pote, o suco de limão e um pouco de açucar naquele copo de alumínio.
Hoje, ao avistar o velho copo de alumínio, guardo a eterna lembrança de meu pai.
Rubens Martins