A busca do ouro na Amazônia

 

No dia 11 de fevereiro de 2023, Luís de Carvalho, um jovem entusiasta e estando de férias do serviço público estadual, telefonou para o seu amigo indígena Jurecê que mora no lugar Alto Rio Negro próximo às cidades de São Gabriel da Cachoeira e Japurá no Amazonas.

 

-Amigo Jurecê! Como vai você e família?

 

O indígena pergunta:

 

-Quem está falando por favor? Quer falar com quem?

 

-Sou eu, Luís de São Luís do Maranhão. Da terra do Sarney. Eu estou ligando para informar que eu comprei um drone. Um pequeno espião. E quero muito fotografar as duas águas que não se misturam, a do Rio Solimões e do Rio Negro. Eu quero muito fazer um vídeo dos botos e das matas virgens, muitas coisas boas da Amazônia. Estou muito ansioso para chegar aí, eu entro de férias amanhã.

 

-Agora eu sei quem é. É o Luís do Maranhão que conheci no Porto de Manaus. Venha meu amigo, nossa tribo e nosso pedaço de terra estão à disposição do amigo de sempre. É nossa apenas não está demarcada por causa do governo que nos engana.

 

Luís de Carvalho indagou.

 

-Ainda é a questão das terras. O cacique sabe que a demarcação das terras indígenas é um direito garantido aos índios e reforço na segurança territorial. E cabe a Funai fazer todo o levantamento para o governo.

Indaga o indígena ao seu amigo.

 

-Como nós podemos lutar por nossas terras? É morrendo? Olha Luís, a Polícia Federal somente vem aqui para contar o total de mortos e ver nosso sangue derramado. Não podemos combater com o sangue que correm em nossas veias os homens brancos. Eles dizem que são os donos dos garimpos e o tal de narcotráfico. E a Funai nada faz em nosso benefício, apenas dizem que eles têm mais de oito projetos de garimpos dado pelo governo.

 

-Jurecê, e esta equipe de transição do Governo Luiz Inácio Lula da Silva. O que fez junto à Funai?

Inquiriu Luís ao indígena.

 

-Que eu saiba, ele não fez nada para a nossa tribo. Até parece que todo o Rio Negro pertence a eles, não sendo prioridade dos povos indígenas. O Presidente do povo Baré juntamente com outras tribos marcaram reuniões e mais, fizeram até assembleias na comunidade Cartucho próximo de Santa Isabel do Rio Negro e nada foi resolvido.

 

Não tardou muito, o jovem maranhense cortou o principal rio que corta essa região, conhecido como Rio Negro, afluente do Rio Amazonas que, antes de penetrar no Brasil, tem o nome de Guainía e separa a Colômbia da Venezuela em seu curso.

Durante a sua longa andança, pela margem direita, recebe o nome de Içana e o Uaupés (chamado de Vaupés na Colômbia). Abrange também o Rio Apapóris e seus afluentes, diametralmente colombiano do Caquetá, uma vez que desemboca neste último após abalizar um apoucado trecho da fronteira com o Brasil. Descendo, o Caquetá passa a chamar Japurá.

 

A notável bacia hidrográfica do Rio Içana tem seus mananciais na Colômbia, em seguida passa a demarcar a fronteira com o Brasil, penetrando no território brasileiro na direção sudoeste. Sabe-se que a extensão do Içana é de cerca de 696 Km. Já o Rio Uaupés tem cerca de 1.375 Km de extensão. Verifica-se no Rio Branco, o Uaupés é o maior afluente do Rio Negro e, em seu andamento, recebe as águas de outros grandes rios, como o Papuri, Tiquié, o Querari e o Cuduiari. Acima da foz do Uaupés fica a área formada pelo Rio Xié e alto curso do Rio Negro.

 

A maior parte das terras são constituídas por terras da União. A população indígena atualizada é de 85% do total, sem sombra de dúvidas, os mais de dois séculos de contato e comércio entre os povos nativos e os homens brancos tenha compelido a saída de muitos índios para o Baixo Rio Negro ou outras cidades como Manaus e Belém, bem como levado pessoas como garimpeiros a se situarem ali, além de criação de pastos para o gado. A presença de homens do Nordeste, Maranhão, Piauí, paraenses e outros lugares são constantes no Alto do Rio Negro, tais como a venda de terras e aberturas de garimpos e sítios a preço de banana.

 

Sem demora, Luís e o índio Jurecê chegaram em uma lancha rápida no povoado indígena, encontrando seu amigo morubixada ou cacique Aimberê de muitos anos e lutas.

 

-Um abraço Luís, é muito bom encontrar você, esteja à vontade aqui.

 

-Obrigado cacique Aimberê. Eu estou bem graças à Deus.

 

-Esse é um homem branco respeitador, sabe lidar com a cultura indígena e com o nosso povo.

 

-Cacique Aimberê como estão as coisas por aqui?

 

 

O velho cacique olha para o céu e diz:

 

-Nada está bem para nós. O senhor deve está sabendo como estamos vivendo. Todos os dias nossas tribos saem na televisão pedindo ajuda e sendo filmados por  eles. Muitos indígenas Yanomami da região de Maturacá, norte do Estado do Amazonas, cobraram do governo de Luiz Inácio Lula da Silva a inclusão desta área  e outras terras nas ações de enfrentamento contra o garimpo ilegal. Como se sabe, muitos garimpeiros e grupos estão vindo do território Yanomami no lado de Roraima. O líder Yanomami José Mário Goes, nos comunicou sobre estes fatos.

 

Disse o senhor Luís:

 

-É verdade. Eu fico sem palavras e tudo isso me doe por dentro.

 

-Mas é verdade.  As autoridades só atendem quando eles souberem dos indígenas mortos, assim como várias pessoas morreram entre velhos e crianças. Conforme corre a notícia que garimpeiros de Roraima estão migrando para outras áreas que não tem fiscalização do governo Lula. Você sabe que o Rio Amazonas é o senhor de todas as criações, é o maior rio do mundo em volume de água. Todas as espécies de plantas medicinais estão aqui.

 

-O cacique sabe me informar como eles chegaram aqui na Amazônia.

 

-Sim. Esses garimpeiros ilegais entraram na Amazônia propondo aos índios explorar nossas terras na busca de ouro, dando em troca muitas espingardas e munições e muitas tribos aceitaram, deixando eles fazerem o que quiserem. Somente nas terras Yanomami os garimpeiros ilegais mataram mais de 120 indígenas, sem falar nos estupros de nossas mulheres, filhas e crianças.

-Eu fico impressionado com tudo isso.

 

-É verdade. O homem branco não tem dó. Invadem as terras dos índiosYanomami, nossos rios e terras a procura do ouro e abrindo fazendas de gado. Você deve saber que  a terra Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e afronta uma deficiência sem precedentes devido ao aumento do garimpo ilegal, com episódios graves de indígenas com malária e desnutrição severa. O presidente nos prometeu em resolver o problema e até agora nada. Nosso povo e nossos animais estão morrendo na contaminação do mercúrio, não podemos pescar e nem beber tudo está contaminado.

 

- Eu compreendo a situação de todos os indígenas.

 

-A Amazônia, é assim, um guarda-chuva para todos. Os homens brancos sabem que é crime roubar ouro. Mas a leis deles se torna cega.

 

-Não iremos longe, vamos ficar no barco o tempo todo.

 

-Nossa Amazônia é cheia de segredos, não abuse da selva, é a única selva no mundo.

 

Disse o cacique Aimberê.

 

Por favor, eu ia me esquecendo. Não vão há mais de 5 (cinco) léguas e nem procure nada na selva. Que tupã o proteja vocês.!

E dali, partiram Luís e o índio Jurecê, enquanto Luís admirava os pássaros com cantigas e cores nas árvores.

 

E o índio Jurecê, alerta o amigo.

 

- Por favor não passe de 5 léguas? Vamos seguir as palavras do nosso cacique.

 

- Sim. Eu não estou passando do limite. Nossa! Que lindeza é a floresta e seus afluentes.

 

- Sr. Luís, estamos em uma área proibida. Vamos voltar.

-Não se preocupe. Meu drone vai buscar tudo em suas filmagens. Ficamos aqui no aguardo.

De repente um aparelho entrou na água, em seguida uma cobra verde com uma cora de ouro na crista ficou observando e desapareceu entre as matas.

 

-Jurecê, esta é a cidade perdida para onde o drone foi. Dizem que esta cidade é rica em outo e tem mais de 4.000 habitantes no fundo da Amazônia.

 

-Verdade. Esta é a tal cidade de Ratanabá.

 

O índio já nervoso diz:

 

-Vamos sair daqui, por favor. Eu estou  saindo agora, Vamos!

 

-Espere, há três serpentes brigando com o meu drone. Eu tenho que salvar o drone e as fotos. Me espere amigo.

 

Luis não termina de falar quando é engolido pela serpente verde com mais de vinte e cinco metros. Momento em que Jurecê se atraca ao barco, e as águas vão levando a embarcação no meio do rio. Uma tribo mais acima ver o barco e tenta salvar o índio Jurecê.

 

Passados alguns dias, Jurecê é levado para a sua tribo pelos indígenas vizinhos.

 

O cacique disse em bom tom:

 

-Nunca vá atrás da cidade perdida de Ratanabá. A busca dos segredos da Amazônia geram isso.

 

 

 

ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 13/07/2024
Reeditado em 13/07/2024
Código do texto: T8105794
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