Caixinha de surpresas

Eu gostava de tirar da minha caixinha para você. Mostrar o anel que você me deu, estava bem guardado, e os presentes que me oferecia. Sempre que você vinha eu estava preparada com alguma coisa para te mostrar, sei que isso te reconfortava.

Mas com o tempo, pelo seu olhar, fui percebendo que te mostrava coisas da minha caixinha que não mais te interessavam, e que pareciam repetidas até demais.

Então comecei a me sentir sozinha, porque quando você vinha não mais encontrava seu sorriso alegre, apenas tristeza parecia te consumir.

Me disseram que tudo estava desaparecendo, e eu sabia, embora de início eu não quisesse acreditar. Uma sensação estranha se apoderava de mim sempre que pensava nisso.

Foi quando fui procurar na caixinha e não achei o que você queria, e ficou claro para mim que não era a primeira vez. Eu tinha certeza de que já tinha mostrado antes e mesmo assim não conseguia, o mundo parecia desabar sob mim e eu me recusava a aceitar.

Você novamente sorriu melancolicamente para mim e ficamos conversando por mais um tempo, relembrando o passado ou pelo menos tentando lembrar.

Nesse dia, depois que você, eu chorei, chorei por finalmente notar o que estava acontecendo. Porque sabia que você viria menos. Não era culpa sua, sei que era doloroso para você também.

E quanto menos você vinha mais coisas iam sumindo, mais meu mundo ia desaparecendo.

Agora você voltou, sorrindo de novo para mim com esperança, mas não tenho forças para te dizer. Dizer que da minha caixinha não sairá mais nada, porque ela está vazia a ponto de nem mesmo seu nome estar mais nela.

João Elias
Enviado por João Elias em 16/06/2024
Código do texto: T8087259
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