O LOUCO DA MINHA CIDADE

Homem, alto, magro, de pele parda. Possui dentes gastos pelo tempo e o cigarro. Anda sempre mal zelado e com roupas velhas e encardidas. Na maioria das vezes vive sem camisa e quase nunca descalço. Aparenta ter mais ou menos 40 anos de idade. Esse é os marcos, filho de um conhecido, ambos vivem em uma cidadezinha no interior.

Apesar de ter um lar, Marcos não se apega a bens materiais e tão pouco a certeza de ter sempre um prato de comida, tudo isso só para não tomar seus remédios. Ele vive sem rumo, andando debaixo do sol escaldante daquela região, apenas com a roupa do corpo.

Esse rapaz é livre como um passarinho, o qual não se importa em acumular nada na certeza de que nada lhe faltará e que o pouco é mais do que necessário.

Ninguém até hoje sabe ao certo sobre o que lhe deixou assim, mas sabemos que nem sempre foi desta forma: louco. Muitos atribui a sua loucura a crença de que tem haver com a falta do caruru para São Cosme e Damião, algo que todos naquela região acham que tem que ser feito para as crianças que nasceram gêmeos. Até ele repete com convicção essa teoria de que tudo aconteceu após a morte da sua irmã e por isso ele paga até hoje pela falta de compromisso dos pais com a crença daquele lugar.

Quando a fome bate, ele bate na porta de alguém, as vezes é bem recebido, entretanto nem sempre é assim.

Algumas pessoas testam sua paciência, xinga e desfaz dele por conta do seu problema psicológico e vê-lo irritado é a diversão da criançada.

O mais impressionante é a forma tranquila como ele leva a vida. Para Marcos tudo é motivo de festa e dança e quando está em uma, baila como as flores dente-de-leão quando o vento sopra, como se flutuasse no ar sem nenhuma preocupação.

E dessa forma vive Marcos, o doidinho da minha cidade: como as flores do campo, fazendo do mato o seu lar. Das arvores, seu teto. Da brisa, seu sossego. E a liberdade sua maior conquista.

Isabel scriptor
Enviado por Isabel scriptor em 05/06/2024
Código do texto: T8078992
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