CONFISSÃO - BRINQUEI COM O AMOR

O tempo para mim não é mais o mesmo e tento acompanhá-lo da melhor maneira que posso sem arrependimentos, driblo as emoções fazendo o possível e o impossível para não chorar, não é do meu agrado, mantenho sempre o meu orgulho e até aqui não penso em mudar, sou "carne de pescoço" e dificilmente peço perdão. A solidão me faz companhia e eu a trato como uma companheira ideal e constante. Nos damos bem.

Tudo começou quando conheci Solange, uma bela garota que me atraiu pelo seu porte físico e elegância, os demais requisitos não me interessava. Em pouquíasimo tempo estávamos namorado e eu prestei atenção em um detalhe de sua vida: ela tinha uma vida social intensa e notei também que estava apaixonada. Filha de pais ricos e bem conceituados na cidade, não sei como foi se dedicar tanto a mim, mas procurei me aproveitar da situação.

Dois anos se passaram, ela sempre do meu lado, em festas e ocasiões especiais, sempre me tratando com carinho e amor e eu nem aí, fazia sempre o contrário, faltava aos encontros alegando algum motivo sério e ia para os braços de outras garotas em farras intermináveis. Sinceramente, eu não gostava de Solange, apenas a mantinha perto de mim por interesses financeiros, ela sempre me presenteava com coisas caras, até uma moto ganhei dela, porém amor eu não tinha para lhe oferecer. Fez de tudo para me conquistar a confiança, mas eu sempre evitava um compromisso sério e deixava o tempo passar, o que dava motivos para pequenos desentendimentos.

O tempo passou rapidamente e quando dei fé estava com mais de quarenta anos, minha vida de farras era intensa e nunca dei chances a Solange para assumir um compromisso sério, o que desagradava seus pais que terminaram influeciando ela a me largar e procurar outro homem que pudesse fazê-la feliz. Ela terminou atendendo aos apelos dos genitores e, de certa forma, nada perdi, o mais importante para mim eram as noitadas nos finais de semana.

Perdi a oportunidade de ter uma familia, como diziam meus próprios pais, com quem morava e dependia, agora já beirando os cinqüenta continuo no mesmo ritmo de vida e achando que a razão está em mim.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 19/05/2024
Reeditado em 19/05/2024
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