Não Espere a Segunda Chance
Em uma tarde ensolarada, uma jovem muito angustiada saiu de seu quintal. Seu cachorro passou em sua frente, querendo brincar com ela. Mesmo tentando desviar, a pobre moça acabou caindo, batendo a cabeça no chão. Por sorte, havia grama no quintal, que serviu de almofada e amortizou a queda.
Enquanto estava no chão, subitamente as nuvens escureceram e começou a relampejar e trovejar. Ela começou a chorar, dizendo que sua vida era uma porcaria e que merecia a morte. Gotas de chuva caíram sobre ela, misturando-se com suas lágrimas. Sentindo-se como se tivesse sido surrada, ela repetia constantemente que merecia morrer para acabar com todo o sofrimento.
Seu quintal era cercado pela metade com muro e pela metade com cerca de ferro por cima do muro. Ela olhou para o lado e avistou um homem que sorria para ela com um olhar carinhoso. De repente, um raio caiu na esquina da rua em que morava. Deitada no chão, sentiu o impacto e desmaiou.
O homem se aproximou dela, chamando-a pelo nome. Trinta minutos depois, começou a recuperar os sentidos. Com o olhar meio embaçado, viu que era o homem que passava na rua. Ele disse que estava ali para dizer que era especial e tudo o que estava acontecendo teria um fim, mas teria que fazer uma escolha: “viver” ou “morrer”.
Antes que pudesse escolher, pegou sua mão, levando-a para conhecer outra cidade, mostrando-lhe pessoas que ela não conhecia, seus filhos e um esposo maravilhoso que sempre a ajudava em tudo que precisava. Tudo o que sempre quis estava ali na sua frente, mas não conseguia enxergar.
Ao voltarem para o quintal, viram seu corpo caído na grama, seus pais chamando-a e um socorrista olhando para o outro, dizendo: “— Tão linda, jovem e se acabou assim.” Ela ficou sem acreditar, pois era aquele homem que acabara de ver sendo seu esposo.
Olhou para o homem que segurava suas mãos fortemente e perguntou o que faria para poder voltar. Ele tirou o sorriso dos lábios e disse: “— Estou aqui porque me chamou tanto, que resolvi lhe atender. Eu sou a morte e vim te levar para morar comigo. Você reclama, xinga tanto, maldiz seus pais e irmãos todos os dias. Quantas vezes desejou morrer para se livrar deles? Então, hoje, resolvi lhe atender.”
A moça tentou soltar a mão e regressar para seu corpo, mas a morte não a soltava. Em desespero, ela falou: “— Você disse que eu tinha duas escolhas e escolho viver.” A morte respondeu: “— A partir de agora, não tens direito de reclamar, maldizer ou me chamar. Porque na hora que me chamares, virei e, onde estiveres, seja lá o que tiveres fazendo, vou te levar. Ordenaram-me conceder a segunda chance, não a desperdice!”
A alma da moça voltou para o corpo. Tentou levantar e não conseguia. Os paramédicos a pegaram e a levaram rapidamente para o hospital. Foi atendida e recebeu alta após sete dias. Porém, nunca mais andou. Casou-se, teve filhos e aproveitou cada segundo de sua vida, até que chegou a sua hora e partiu, deixando esposo e um casal de filhos lindos, que eram amados por todos.
E na cabeceira de sua cama, sua filha encontrou um bilhete que dizia: “— Não espere a segunda chance para viver, viva o hoje e se errar, faça melhor amanhã. Nunca se esqueça, sempre haverá um sol para cada amanhecer.”
Liliane Santana