CARTA DE ALFORRIA...
Marta era uma idosa que andava muito triste e angustiada devido aos problemas e convivência familiar. Havia momentos ela se via dentro de um ônibus de viagem para lugares desconhecidos e, não retornando nunca mais.
Ela sentia-se excluída dentro do seu próprio lar, muita indiferença e hostilidade.
Até que numa terça-feira fria e chuvosa, ela criou coragem embarcando nessa viagem sem volta.
A viagem foi longa e cansativa, doze horas para chegar ao seu destino. Finalmente cheguei, nessa cidade desconhecida, Santa Luzia. Preciso de um banho e trocar de roupa. Caí na real, não tenho bagagem, somente a minha bolsa de mão.
Vou ao banheiro, procuro informar, onde posso comprar roupas e tomar um banho.
Quando estava saindo do banheiro fui abraçada por uma menininha que disse: deixa eu ir com você... Senti naquele momento acolhida, envolvendo a minha alma triste e cansada.
Qual o seu nome? Luiza, respondeu a mãe. Ela é altista...
Estou surpresa, minha filha querer te abraçar e te acompanhar.
Qual o nome da senhora? Marta. Está a passeio ou mora aqui em Santa Luzia?
Nenhum dos dois. Subi nesse ônibus para dar um tempo na minha vida...
Não entendi. Deixa isso pra lá...
Fui às compras e procurei um lugar para ficar. Descobri uma pensão que só hospedava idosos. Ambiente agradável e acolhedor.
Três meses já tinha transcorrido, não sentia saudades e nem vontade de retornar.
Todos os dias encontrava-me com Luiza na praça para brincarmos.
Até que um dia, parou um carro da polícia, pedindo os meus documentos.
A senhora é a dona Marta, desaparecida há três meses? Não sou desaparecida, resolvi ir embora e não olhar nem para trás.
A sua família está a sua procura, muito preocupada e com saudades.
Respondi: estão sentindo falta do que eu fazia e contribuía.
Nisso chegou TV local para entrevistar dona Marta.
Como a senhora define essa atitude na sua vida?
Minha carta de ALFORRIA...