CONTINHO DE QUEM FINGE MAIS
Ele devia ter dez anos. Talvez onze. Cabelo curtinho. Estabanado. Entrou na sala assim:
- ...
Todos olharam. A professora também. Viu deixar cair o caderno. Ajudou:
- Entre, meu bem!
Suou à palavra "bem".
Os outros rindo. Baixo.
Ele ouvia no silêncio da noite que vivia. Questionou, no íntimo, a mãe:
- Por que fez isto comigo? Por quê?
Uma lágrima suicida pulou da face.
De novo, a letrante:
- Sente-se, por favor!
Pela primeira vez olhou para um humano. A boca trêmula. Tentativa de socorro. Desmaiou.
Em casa, a mãe:
- Meu rebelde! Este ano não me enganas! Amanhã te levo mais cedo!