"O FANTASMA DO CEMITÉRIO" Conto de: Flávio Cavalcante
O FANTASMA DO CEMITÉRIO
Conto de:
Flávio Cavalcante
No antigo cemitério da pequena cidade de Willow Creek, havia uma lenda que assombrava os corações dos moradores: O Fantasma do Cemitério. Dizia-se que era o espírito de um jovem apaixonado que, após perder sua amada em um trágico acidente, vagava pelas sombras à espera de revê-la algum dia.
Todas as noites, ao som do vento sussurrando entre as lápides, o fantasma se erguia dos confins do túmulo, seus olhos brilhando com a tristeza de séculos de solidão. Ele caminhava silenciosamente entre as fileiras de catacumbas, seu coração eternamente partido pulsando em uma eterna agonia.
Uma noite, porém, algo mudou. Enquanto o fantasma vagueava pelo cemitério, viu uma figura familiar caminhando na direção do jardim dos lírios, onde costumava se encontrar com sua amada em tempos passados. Seu coração, mesmo sem corpo físico, acelerou de esperança.
Mas a esperança logo se transformou em desespero quando ele viu sua amada, agora uma mulher idosa, chegando de braços dados com outro homem. O fantasma recuou para as sombras, sua forma etérea tremendo de raiva e tristeza. Como ela poderia tê-lo esquecido tão facilmente?
O coveiro do cemitério, um homem idoso com olhos sábios e compassivos, observava de longe a cena se desenrolar. Ele sempre soubera da presença do Fantasma do Cemitério, mas nunca interferia em seus assuntos pessoais. No entanto, desta vez, ele sentiu a necessidade de agir.
Com passos lentos e cuidadosos, o coveiro se aproximou da mulher e seu acompanhante. Ele os alertou sobre a presença do fantasma, explicando brevemente a história de amor perdido que assombrava aquele lugar.
A mulher olhou incrédula para o coveiro, mas algo em seus olhos cansados e nostálgicos fez com que ela seguisse suas palavras. Ela se separou do homem ao seu lado e adentrou o jardim dos lírios, onde o fantasma a observava com misto de esperança e amargura.
Quando seus olhos se encontraram, décadas de dor e saudade transbordaram entre eles. O fantasma chorou nas sombras enquanto ela sussurrava palavras de amor e arrependimento. Ela nunca o esquecera, apenas havia seguido em frente por necessidade de sobreviver ao luto.
O coveiro testemunhou aquela reconciliação além da vida, um amor que transcendeu as barreiras da morte. Ele sorriu para si mesmo, sabendo que finalmente o Fantasma do Cemitério havia encontrado a paz, e que talvez agora pudesse descansar em placidez na esperança de um dia permanecer ao lado de sua amada.
FLÁVIO CAVALCANTE