Contos oníricos
Contos oníricos
É impressionante como o meu inconsciente cria histórias nos meus sonhos. Não tenho ingerência de lugares, personagens, história e nem, ao menos, faço ideia do desfecho da história, que pode até não ter desfecho, simplesmente a história desaparece do sonho e, ou, aparece outra história diferente, semelhante, com cenários muito diferentes ou no mesmo cenário, com personagens diferentes ou com os mesmos personagens, ou até simplesmente apaga-se tudo e deixa-se de sonhar.
Não faço ideia como meu inconsciente traça essas tramas e faz umas costuras estranhas: mistura épocas, personagens de lugares juntos em outros, ou transporta personagens de uma época para outra, desfaz tempos, histórias e personagens transitam em alguns tempos e cenários distintos, dizem coisas que parecem que são da essência das próprias personagens. E quando falo em personagens estou me referindo a pessoas que existem, sejam próximas a mim ou que eu sei da existência por algum meio, mídia, noticiários, televisão e coisas correlatas; as personagens podem ser pessoas que já morreram, principalmente as pessoas com quem convivi, podem ser pessoas imaginárias, criadas pelo próprio inconsciente para a história do sonho, porém, essas pessoas imaginárias na emergência do sonho têm características muito fortes de realidade, como rosto marcante, tipo físico, atuação e até mesmo opiniões.
Conversando com o psiquiatra que me atende, ele me aconselhou a escrever essas histórias. Não como terapia específica, pois ele considera os sonhos uma característica humana que perfaz a complexidade da nossa vida como espécie, porém, deve ser tratada com uma certa especificidade e não ser alçada a um nível de destaque maior que aquela consideração que se deve ter no escopo das manifestações dos humanos.
Depois de alguns meses após ter ouvido esse conselho, resolvi atender a seu pedido e eis que inicio os meus contos oníricos. Advirto aos leitores que pode ser que eu escreva coisas que ofendam seus olhos, isso é culpa de meu inconsciente, ele não obedece, ou talvez obedeça, tenho dúvidas, a padrões morais. Pode ser que eu não consiga traduzir em letras todas as ousadias dos sonhos e aí terei omitido algumas coisas. Pode ser que eu não consiga pintar adequadamente os cenários ou desvirtue a história por não tê-la compreendido claramente. Pode ser que eu mude sequência ou não descreva personagens da maneira fidedigna, porém, os leitores hão de convir que meu inconsciente é o mesmo produzindo os sonhos e escrevendo sobre eles, mesmo atuando diferente quando estou dormindo e quando estou desperto. Pode ser que essas mudanças ocorram porque ele só quis mostrar algumas coisas daquele jeito só no sonho mesmo ou porque talvez na escrita ele esteja revelando mais claramente algo que ele sugeriu no sonho. Não saberia discernir, estou lidando com alguém sábio, sincero, adulto, velho demais e ao mesmo tempo alguém tão impertinente quanto algumas crianças, tão dissimulador quanto um fauno e tão singelo quanto um infante. Torna-se até mesmo difícil dar um título para a história, porém, tentemos.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 11 de março de 2023
Uma casa e uma tentativa de voltar para casa
Sonho da noite do dia 10 para o dia 11 de março de 2023
Sonhei que estava numa casa entre São Paulo e Serrolândia, repleta de livros, as paredes eram completadas por prateleiras cheias de livros em todas as direções. E por que digo que era entre São Paulo e Serrolândia? Porque eu era pós-adolescente, jovem bem novo e por todo o sonho houve a presença das ações do meu pai e por suposto, da minha mãe e da minha avó.
Felação no rapaz bonito malhado branco, espionagem do guarda ao abrir a parede de livros, escapada do rapaz felado, ameaça do rapaz com um grupo de uma gang da cidade de São Paulo, caminhando por bairros periféricos da zona oeste de São Paulo sem conseguir pegar ônibus para voltar para casa, ida em direção a uma estação ferroviária para tentar voltar para casa aqui na cidade de Salvador, atraso da conexão que leva até a casa porque uma mulher começou a dar a luz no vagão, saída do vagão para voltar para casa.
Um passeio pelo manicômio e não sabe se era Salvador ou alguma cidade da Alemanha
Andando pela cidade, chegamos eu e Marcio num hospital de tratar pessoas com problemas mentais, lá eu fui até a parte mais alta onde atendem os casos mais inusitados.
Havia um cego que afirmava que voltou a enxergar. Ainda preciso lembrar dos outros com outras características, a afirmação para a enfermeira, as notícias sobre a pessoa que eu fui saber como estava. Depois que voltamos do hospital eu dei a notícia à irmã da moça internada e como ela estava, porém somente com base em fotos que a equipe médica me enviaram da moça internada. Tive dificuldade de enviar essas fotos para o celular de Marcio por ter esquecido o número correto da senha do meu celular, a descobri que o cachorro Giraia (era um cachorro da minha tia Marilene, hoje no céu dos cachorros) também tinha ido comigo, houve críticas pelo cachorro estar comigo por pensarem que eu havia levado o cachorro espontaneamente. Depois vi uma senhora aristocrata conversando com suas parentes na Praça da cidade em frente a uma formação de pirâmide humana feita por meninos negros, o desfile de escolas numa ponte da cidade. Pegamos um transporte que nos levou a todos para uma época anterior e vimos uma concentração de homens de governo em uma praça comemorando um efeméride nacional, logo em seguida me dei conta que havia perdido do número de telefone do companheiro e a empreendi tentativas de encontrar o número novamente, porém o companheiro reapareceu contando que estava no banco resolvendo uma pendência e fomos para um hotel que havia sido transformado de uma casa enorme, provavelmente uma mansão.
Contos oníricos dois
Sonho da noite do dia 08 para o dia 09 de outubro de 2023
Em Serrolândia, querendo ir para talvez Salvador, estava esperando algum transporte, quando apareceu uma senhora negra, com um filho pequeno nos braços, dizendo tinha vindo de Várzea do Poço e iria talvez, não lembro direito, para Salvador ou Feira de Santana. Na primeira parte do sonho ela pegou uma variante de lotação e desceu em Paraíso e depois o sonho se modificou e ela esperou o ônibus que vinha de Várzea do Poço (não sei o motivo pelo qual não tinha vindo nele antes na própria cidade) e pegamos o ônibus juntos. Já não estava com a criança, no sonho era como sempre estivesse viajando sozinha (coisas de Morfeu). Conversava comigo desde que nos encontramos em Serrolândia, dizia que era professora, porém, atualmente trabalhava na parte de coordenação da educação na cidade vizinha. Nos sentamos um do lado do outro para irmos conversando e de súbito, pela sua própria conversa, ela trabalhava, não na área da educação, porém, na área da saúde. Reclamou das escolhas dos jovens em relação ao uso de drogas, contou sobre sua atuação na área da educação e na área da saúde. O ônibus chegou até Paraíso, entraram mais pessoas e ele prosseguiu e o sonho teve fim quando ele chegou em Feira de Santana.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 09 de outubro de 2023