Ela Brilhou.
Ela Brilhou.
Dizem que uma mulher dificilmente é pega de surpresa, mas, será?..
Numa manhã ela estava sentada à varanda de sua morada, assistia o vai e vem das pessoas do seu bairro, conversava com um ou outro que pela frente de sua casa passasse, e, bebia do vinho, ria, gesticulava.
Aquela mulher era doce como o nectar das flores, era amiga nos dias mais tenebrosos de qualquer verão, uma fera, se alguém tentasse cortejar-la. Ela tinha um irmão, um amigo de trabalho o qual conversava besteiras e outros assuntos banais, trocavam elogios, juras, e nessa embriaguez de sentimentos, um único sentimento reinava...
A amizade entre ambos.
Um dia de calor chuvoso ela dissera que nunca tinha sido pega de surpresa, que era precavida, astuciosa, vivida. Ele sempre retribuía as deixas, mas, observador como uma Águia atenta a sua presa, pensava:
- Essa minha amiga e osso duro de doer?
Contudo, ele sempre foi arteiro, elaborava palavras como um bom escritor, forjava expressões como um ator de primeira, deixava fluir verdades para aprisionar verdades femininas, e, num determinado dia "D" chegou até ela e perguntou:
- Fulana, posso te falar uma coisa, e, quero que me diga o que sentiu.
- Pode!..
- Ok. Olhe para mim, eu acho seus olhos a coisa mais linda em todo seu cojunto, a forma, o design, és belo de se olhar.
Naquele momento em um minuto o silêncio deu o ar da graça, para logo em seguida ela falar:
- É mesmo, fiquei atônica, jamais ouvi de alguém tal elogio. Sei que é de irmão para irmão, mas, me pegou de surpresa.
- Sei. Não tem qualquer outro objetivo para deixar claro. Perfeito!
- Sim eu sei, mas, porque isso agora.
- Um teste mais depois te falo.
O fim da tarde aproximava-se e ele então teve que ir embora, pois, sua jornada havia chegado ao fim. Se despediram, e no caminho ele ficou pensativo:
Teria ele tirado a prova dos nove? Teria ele concluído a experiência ou parte dela?
Ele ainda em pensamento analizava todo o contexto até de fato dar o desfecho, mas, uma coisa ele tinha conseguido...
Pega-la de surpresa.
Quanto a ela...
Rubrou a face.
Então, ela Brilhou...
Texto: Ela Brilhou.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 30/03/2024 às 19:21