FOI O VENTO
POR: Sônia Machado
Epílogo
LÍVIA DESCEU DE SEU LAND ROVER RANGE DE COR prata, atravessou o portão do cemitério da Consolação e entrou. Protegia-se do frio e do vento de São Paulo com um Sobretudo de lã bege e levava nas mãos um pequeno buquê de rosas. Seus passos a levaram por uma rua ladeada de árvores e túmulos antigos, um verdadeiro museu a céu aberto, até um grande mausoléu de mármore cinza.
O cemitério não era um lugar assustador para Lívia. Ao contrário. Era um lugar encantador e cheio de histórias da vida das pessoas ali enterradas. As anônimas e algumas personalidades, dentre elas, Monteiro Lobato, “precursor” da literatura infantil brasileira; Tarsila do Amaral, uma das artistas centrais da pintura brasileira e da primeira fase do movimento modernista; Marquesa de Santos, uma aristocrata brasileira e amante de Dom Pedro I.
Aquele cemitério tinha, inclusive, histórias de tragédias como a epidemia da varíola em 1858. E tinha a história de sua família. Ali eles haviam se encontrado finalmente. Pelo menos em um plano material porque o espiritual era entre eles e Deus.
Lívia finalmente havia ganhado na justiça o direito de trasladar os corpos de seus pais para aquele mausoléu. Não tinha sido fácil como Dr. Fonseca previra. O juiz havia negado o pedido, ao entender justamente o que o seu advogado havia lhe dito: comodidade da família. Mas Lívia não desistiu e o Dr. Fonseca entrou com recursos. Dessa vez, o desembargador relator afastou a hipótese da tal mera comodidade da família e considerou pertinente o desejo de Lívia e sua angústia. Assim, considerando que a apelante pretendia apenas pleitear o exercício do direito de juntar os corpos de sua família, o juiz liberou a trasladação.
Lívia aproximou-se do mausoléu e fitou por longos minutos as fotografias de seu pai, sua mãe, sua avó Leonor, a tia Mariana e finalmente seu avô, Sr. Lopes. Agora todos juntos.
Suas fotografias expostas eram belas, naquela tonalidade de cor que o tempo trata de pintar. Era a cor da saudade. As imagens pareciam tão antigas e tão distantes, mas, ao mesmo tempo, tão próximas de Lívia e deles mesmos.
Felizmente ela, seus pais e seu avô haviam aprendido, a duras penas, que “o orgulho devora a si mesmo.” Já dizia William Shakespeare. Mas não havia sido tarde. Agora ela sabia disso. Tudo tinha acontecido como tinha que acontecer e no tempo certo.
Com um cuidado especial Lívia ajeitou as rosas no vaso sobre a campa e suspirou sentindo-se leve e feliz. Ela sabia que, de alguma forma, tinha reparado os erros do passado.
O vento soprou forte balançando as árvores daquele lugar e os cabelos de Lívia. Ela então se lembrou de que em todos os momentos mais marcantes de sua vida, fosse triste ou alegre, o vento estava sempre por perto. Era como se ele tivesse determinado todos os acontecimentos de sua vida.
— Foi o vento... — Lívia falou em voz alta. —Sim... Foi ele... —Agora, mais do que nunca Lívia sabia que “Deus anda nas asas dos ventos”.
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JUSTIFICATIVAS
Esse foi meu primeiro romance que arrisquei a escrever. Tem muitos erros, mas tudo é aprendizado. Falando sério, é bem difícil escrever histórias longas, mas mesmo assim arrisquei e com certeza não escreverei outra não. Imagino que escrevi uma linda história mesmo sendo de ficção, mas que não deixa de mostrar muitas realidades. Eu sei que foi uma linda história, porque diversas vezes chorei ao escrevê-la, ao relê-la. Enfim. É uma história longa, confesso, mas colocada assim em capítulos facilita muito a ler sem cansar. E como podem notar acima, opções não faltam para ler meu livro: audio, flip... Pelo celular , pelo PC. Enfim agradeço a quem leu e a quem por acaso ler. Ainda estou recuperando da cirurgia e logo voltarei com as visitas. Abraços.
Interação da poeta e escritora Angélica Gouvea
Foi o Vento
Fui me adentrando na estória
O que li, constatei a vitória
Início, meio e fim.
O conteúdo que emociona
Vem trazer ensinamentos
E nos mostrar verdades
Na vida tudo que acontece
Tem um propósito de escolhas
Olhar como estamos preenchendo nossas folhas.
Agradeço muitíssimo esse lindo acróstico Angélica Gouvea. Eu amei. Obrigado pela paciência em ler meu conto. valeu. Deus te abençõe sempre.