Na estação
Quando me perguntarem o que é o amor, lembrarei do casal de idosos que vi na estação. Creio que ambos estavam na casa dos 80 anos. Pareciam cansados, a senhora manquejava e seu esposo, que também caminhava com dificuldades, desceu primeiro do ônibus e estendeu a mão, para que ela se apoiasse. Uma cena corriqueira para alguns, mas para mim, uma manistação de amor. Há quem diga que o amor não pode ser mensurado em representações do cotidiano, porque isso não é constatação categórica de que distante da multidão se importam um com o outro. Há quem diga também que o amor verdadeiro dispensa holofotes, e nisso , concordo. Mas a questão é que na arte de amar o cuidado não pode ser descuidado. O amor se faz em detalhes. O braço continuou estendido. Agora, apoiando-se um no outro caminhavam na estrada e sem nenhuma pretensão me revelavam um sentimento que resistiu aos percauços do tempo. Talvez Drumond tinha mesmo razão ao dizer que " o amor é privilégios de maduros".