Livre
Encontrei Quitéria quando saltei do ônibus. Fazia três anos que não a via.
Argov, tudo bem?
Oi Quitéria. Quanto tempo.
A convidei para um café numa padaria próxima. Conversamos sobre a vida, amores perdidos e melancolia e tristezas.
No fim, me desculpe por falar de tristezas e por ter sido um canalha. Ela me sorriu disse que tudo bem, que não tinha sido fácil. Mas não valia a pena ter que sofrer por alguém como eu. Foi um tapa sem mão. Eu senti aquilo. Ainda mais por ser outra pessoa hoje e me arrepender do que fiz. De qualquer forma não retruquei, eu mereci. Ela me deu um beijo na testa e me disse.
Ainda bem que mudou, Argov. Dá pra ver sua mudança. Mas isso não muda o que fez. Seja feliz e vamos conversar mais sobre a vida outro dia tá bem?
Ela me deu seu número e foi embora. Nunca liguei pra ela e nem nos encontramos. Não merecia uma segunda chance. Soube, tempos depois, que se casou e foi para Portugal. Melhor assim. Eu continuo bem. Feliz e sozinho.
Mas livre. Livre para ir onde eu quero. Mas o melhor é que estou livre de quem eu fui.
Wesley Rezende