Era carnaval. Um festejo onde ter alegria era obrigatório. Infelizmente, Maria estava triste. Afinal, sua mãe Antonieta havia falecido há pouco tempo. Roberto, marido de Maria, era policial, e estava de plantão devido ao desfile das escolas de samba. Tudo que Maria desejava era estar longe, mas não podia. Ela mais parecia um pierrot chorando. Roberto para acalmar Maria, disse que  o plantão era dentro da delegacia, e que ficaria encarregado apenas da parte burocrática. Maria então respirou aliviada. E, afirmou que tudo estava bem. Então, aceitou o convite da irmã Lucélia e foi até ao Museu de arte de sua cidade e, lá se deparou com a tela de Debret chamada "Dia d'entrudo". Naquela época, o carnval era entrudo e não lembrava os bailes de mascarados da Europa. O único preparativo era a fabricação de limões-de-cheiro que era um simulacro de laranja, num invólucro de cera de meio milímetro e cuja transparência dava para ver o volume de água. E, a cor variava do branco ao vermelho e do amarelo ao verde... Para Maria que nunca fora foliã, o carnaval era apenas três dias gordos, com alegres manifestações. Embevecida pela tela de Debret, observou como a negra equilibrava o cesto já cheio de provisões para seus senhores, enquanto o moleque, de seringa de lata na mão, jogava um jato de água e, então, provocava um incidente carnavalesco. Roberto preocupava-se com a esposa, principalmente ,de como ela passaria pelo luto em meio a tanta folia. Enfim, os paradoxos da vida desafiam nossos corpos e mentes. Era, novamente, a busca do equilíbrio. Afinal, a sobrevivência exige malabarismos. 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/01/2024
Reeditado em 24/01/2024
Código do texto: T7983665
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