"PROTÓTIPO"

A menina sem pernas observava O Inventor… correndo pra lá e pra cá segurando os dois protótipos. “Não pode haver erro! Nem um milímetro!” - Ele dizia tentando não sussurrar, mas sua voz brotava do fundo da garganta e era 100% audível. Ele vinha tentando o novo protótipo desde o início da 3a Guerra – ou “Guerra das Cinco Horas” – como era chamada pelos sobreviventes – onde quase toda a população do planeta simplesmente desapareceu. A fórmula utilizada naquelas armas… Ele pouco se importava… eram demoníacas e estúpidas, pois nada sobrava para ser conquistado. “Reis de ninguém… Presidentes de Coisa Nenhuma…” Pensava, focando no que tinha em mãos. Precisava salvar aquela menina sem pernas. Seu nome não importava, era só encaixar. Fazer as programações e sinapses… E então ela estaria por conta própria como todos os outros. A menina sem pernas cochilava por poucos segundos, até que os pesadelos (que não passavam de memórias recentes) a fizessem despertar gritando outra vez. A Ponte… os carros… o zumbido produzido pelo projetil chegando e alguns gritos que antecederam o clarão. Cinco horas depois, não havia mais quase ninguém. Nada de corpos… nada de coisas destruídas. Nada de fogo e mau cheiro… como sempre foi imaginado do Fim do Mundo… Era apenas o vazio.“Algumas crianças foram deixadas pela metade. Como você… Vocês fazem toda a diferença!” - Dizia o Inventor enquanto encaixava os dois protótipos. “Minha criação não fará apenas você voltar a andar, não.” - Os olhos dele brilhavam… Ela sabia que o Inventor não se importava com ela, pessoalmente. O Protótipo era o propósito. Mas ela também não se importava… Só queria se levantar e sair. E depois disso tentar alguma coisa, QUALQUER coisa… “Isso fará você ser um novo tipo! A junção da tecnologia com a essência da própria vida! Você será mais RÁPIDA! Será fantástica! A conexão atinge NÍVEIS CELULARES e Seus filhos serão iguais a você! RÁPIDOS… como você!”. Ela o deixava falar e falar… estava ansiosa. Faltavam poucos minutos pra que voltasse a correr. Se levantar outra vez… conhecer o mundo; Fossem com pernas normais, fossem com “As Patas do Ligeirinho”, só queria sair, pra olhar…