Flores para Madame - BVIW
Catarina admirava palavras de romances e sonhava com o dia de recebê-las. Em alguma metrópole, por certo conheceria o que nunca aparecera num cavalo branco enquanto moradora do Vale Santa Varginha.
Das partes preferidas dos romances que lia tinha decorado alguns diálogos:
- Jude, abra logo seu coração para mim. Eu não aguento mais vê-la e não tê-la.
Em outro de um pequeno livro de bolso, a ideia do amor era mais elegante:
- Oh minha paixão intensa de validade infinita, quando abriremos a porta para o futuro de nossas vidas?
Convencida de que em centros urbanos seus sonhos teriam maiores chances, fez a mudança de vida. Já era pela janela do carro, talvez lado a lado como em filme americano que o amor apareceria. E não é que foi mais ou menos assim?!
Embora as feições do príncipe fossem bonitas, ele alto, bombado e sem o sorriso esperado, repetindo a mesma frase com a impaciência, suas palavras, por fim tornaram-se claras:
- Abra logo! Abra logo! Perdeu madame! Perdeu. Por trás das flores, o cano.
Nem saberia dizer em que cruzamento de qual avenida. Lançada ao chão de uma solidão de domingo; sem ganhar sequer, o ramalhete, que ele a princípio ofertava, perdeu a vida.
Marília L Paixão